Prezadas irmãs, prezados irmãos, graça e paz!
Esta edição de Vida Pastoral lança o olhar sobre o tema “A Igreja e o poder – o serviço da autoridade”. O serviço da autoridade é uma expressão que faz pensar. Primeiro, deixa claro que a função de uma autoridade é, antes de tudo, servir. Isso muda tudo. Porque, geralmente, há a ideia equivocada de que autoridade é o poder de mandar. E, infelizmente, isso não é somente uma ideia. A prática está cheia de exemplos negativos acerca da má compreensão do sentido mesmo de autoridade. Há quem pense que, por ocupar cargos de alguma relevância e influência, pode fazer da função um trampolim para humilhar os outros – no caso, o outro que é menor, que é pobre.
De fato, não é preciso muito esforço para perceber certo espírito de autoritarismo ou mentalidade opressora que permeiam nossa história de ontem e de hoje – desde relatos de violência policial às práticas corriqueiras de muitos que exercem funções e cargos na política ou no judiciário, além de latifundiários, empresários e, infelizmente, também o clero e a vida religiosa.
Por isso, propomos inicialmente uma reflexão sobre a autoridade no contexto formativo dos seminários e casas de formação. Trata-se de um desafio sempre atual na Igreja, seja para formadores, seja para os formandos. Se, no âmbito da política ou da economia, podemos encontrar exemplos de liderança que usam de seus cargos como forma de poder, de força, de controle, a autoridade, no contexto da vida religiosa, deveria ser serviço. Quando os discípulos começaram a confundir o poder do serviço com o poder da força, Jesus foi contundente: “Vocês sabem que os governantes das nações as dominam e os grandes impõem sua autoridade sobre elas. Não será assim entre vocês. Ao contrário, quem de vocês quiser tornar-se grande, seja aquele que serve” (Mt 20,25-26).
Outro aspecto desta reflexão diz respeito, especificamente, a um olhar sobre a Igreja e sua relação com o poder. Sabemos que a questão do poder é polêmica e, na Igreja, sempre despertou discussões calorosas – haja vista, por exemplo, certas análises isoladas e fora de contexto de versículos, como Romanos 13,1, em que o apóstolo Paulo se refere a certa submissão às autoridades, assim como a controvérsia presente na segunda carta aos Tessalonicenses, na qual se fala de uma bipolaridade de poderes no seio da comunidade eclesial. Ocorre que o apelo de Jesus de que “não será assim entre vocês” nem sempre foi assumido em sua radicalidade.
No contexto atual do governo da Igreja, o papa Francisco tem sido enfático na crítica interna no que se refere ao carreirismo e ao clericalismo. Por isso mesmo, tem recebido ataques intensos de grupos rivais dentro da própria Igreja. É neste sentido o terceiro passo de nossa reflexão: um convite a pensar o fenômeno do “tradicionalismo como ameaça para uma Igreja em saída”.
O quarto passo de nossa abordagem se volta para a figura histórica de Pilatos, como imagem de um político medíocre. Embora seja pouco conhecido, no nosso credo apostólico consta o seu nome, o qual pronunciamos todo domingo na celebração eucarística: “padeceu sob Pôncio Pilatos”. A ideia do artigo é apresentar um exemplo singular de autoridade fraca, porque movida pelo carreirismo e pelo apego ao poder. Sua prática ressoa ainda em nossos dias, e não deveria ser assim.
Finalmente você tem acesso aos Roteiros Homiléticos, que, além de nos ajudar a melhor viver a liturgia, iluminam nossa prática pastoral.
Boa leitura!
Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp
Editor