Carta do editor

maio-junho de 2016

Desafios Pastorais atuais

Caros leitores, leitoras,

Graça e Paz!

A vocação da comunidade cristã é testemunhar a alegria de pertencer a Jesus Cristo. Não temos motivos para viver mergulhados na tristeza. Desde o dia de nosso batismo, fomos destinados à felicidade. Problema algum pode nos tirar o espírito de ânimo e entusiasmo. Apesar de nossas fraquezas humanas e das adversidades inerentes à nossa travessia neste mundo, em nós habita Deus. E Deus basta! Como nos assegura Jesus, em palavras dirigidas ao apóstolo Paulo, “para você, é suficiente a minha graça, pois a força se cumpre na fraqueza” (2Cor 12,9).

É a graça de Deus, oferecida a nós por meio de Jesus, que nos sustenta no caminho da vida. Não são nossas próprias forças. E nossa missão só se realiza, de fato, mediante essa convicção.

Por isso, a comunidade só é viva e atraente se tem consciência dessa pertença. De outra forma, ela correria o risco de se considerar autossuficiente e cair na tentação do amor ao poder. Quem pertence a Jesus é guiado pelo poder do amor. Esse é o poder que conta.

Disso decorre que o agente da pastoral é Jesus mesmo. Não somos nós. Quando achamos que somos donos da missão, corremos sério risco e, por que não dizer, praticamos grave pecado: a vanglória! O papa Francisco tem nos chamado bastante a atenção para não tornarmos a Igreja numa organização não governamental. A Igreja não é uma ONG. A Igreja é amor.

E o amor tem implicações, põe-nos no mesmo caminho de Jesus. O caminho da bondade, da compaixão, da ternura, da misericórdia, da entrega total ao projeto do Pai. Esse mesmo amor nos ensina que a Igreja não é uma ideologia, um partido, um escritório de burocracia fria. A Igreja é o corpo místico de Cristo, nasceu do coração do Pai, que se derrama de amor, independentemente de nossa condição falível. Deus é maior do que qualquer pecado. Estamos, pois, envolvidos nesta história de amor e nada nem ninguém podem nos separar deste amor (Rm 8,35-39).

Assim, cada discípulo e discípula são qual uma carta que leva em si o anúncio da boa notícia. Não uma carta qualquer, mas “uma carta de Jesus Cristo, escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo. Escrita não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, nos corações” (2Cor 3,3).

Por isso a necessidade de estarmos em sintonia constante com o Mestre. Ele é o homem da misericórdia, do perdão. Nele se encontra e ele mesmo é a razão de nossa vida e missão. Logo, os seus seguidores e seguidoras devem ter as mesmas atitudes do Mestre. Isso só pode ocorrer se houver um encontro pessoal com ele.

Esta edição de Vida Pastoral quer ser uma colaboração a todos nós que somos Igreja e enfrentamos desafios na missão. Não estamos a serviço de um sistema político ou econômico: “A proposta de Jesus é muito mais radical do que a proposta de qualquer esquerda política imaginável. Por mais radical que uma sociedade seja, ela não calará a prece do povo: ‘Que venha a nós o vosso Reino!’” Por isso é sempre atual, urgente e necessária a catequese que “valorize todas as dimensões da vida humana, evitando a fragmentação ou o descuido de uma delas”. Assim estaremos comprometidos e empenhados, como cristãos, “na vida social e política da comunidade humana, em vista de um envolvimento sempre mais comprometido com as realidades sensíveis da sociedade”.

Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp
Editor