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Publicado em julho – agosto de 2017 - ano 58 - número 316

O papa Francisco e a juventude

Por Dom Vilson Basso

O papa Francisco e a juventude

 Uma síntese das palavras do papa Francisco à juventude nas Jornadas Mundiais da Juventude, nos documentos que escreveu e nos principais eventos de seu pontificado. Sobre um papa de 80 anos que cativa os jovens. Sobre um papa que faz selfie, que tem um sorriso largo, constante; um papa que fala simples e direto, repetindo o que quer acentuar e fazendo com que os jovens repitam junto, um papa que usa as redes sociais, um papa para os tempos modernos, um papa para os jovens, com os jovens, pelos jovens. Assim é o papa Francisco.

  1. Jornada Mundial da Juventude (JMJ), julho de 2013

Sua chegada ao Brasil, a primeira viagem do papa fora do continente europeu, para se encontrar com os jovens, de cara foi marcada por sua presença simples, dispensando carro oficial especial, saudando o povo no meio do trajeto rumo ao centro da cidade.

A chuva e o frio não afastaram a juventude. O papa chegou, depois foi a Aparecida e retornou para o Rio. Foram dias de muita emoção e aprendizado, dos quais destaco algumas palavras ditas pelo pontífice neste período:

Dia 22, na cerimônia de abertura: “A juventude é a janela pela qual o futuro entra no mundo. É a janela e, por isso, nos impõe grandes desafios”.

Dia 25, na missa com a juventude argentina: “Desejo dizer-lhes qual é a consequên­cia que eu espero da Jornada da Juventude: espero que façam barulho. Aqui farão barulho, sem dúvida. Aqui, no Rio, farão barulho, farão certamente. Mas eu quero que se façam ouvir também nas dioceses, quero que saiam, quero que a Igreja saia pelas estradas, quero que nos defendamos de tudo o que é mundanismo, imobilismo, nos defendamos do que é comodidade, do que é clericalismo, de tudo aquilo que é viver fechados em nós mesmos. As paróquias, as escolas, as instituições são feitas para sair; se não o fizerem, tornam-se uma ONG e a Igreja não pode ser uma ONG. Que me perdoem os bispos e os sacerdotes, se alguns depois lhes criarem confusão. Mas este é o meu conselho. Obrigado pelo que vocês puderem fazer”.

Dia 28, na missa de encerramento: “Foi bom participar desta Jornada Mundial da Juventude, vivenciar a fé junto com jovens vindos dos quatro cantos da terra, mas agora você deve ir e transmitir essa experiência aos demais. Jesus lhe chama a ser um discípulo em missão! Hoje, à luz da Palavra de Deus que acabamos de ouvir, o que nos diz o Senhor? Que nos diz o Senhor? Três palavras: Idesem medopara servir”.

Dia 28, no encontro com os voluntários: “Deus chama para escolhas definitivas. Ele tem um projeto para cada um: descobri-lo, responder à própria vocação, é caminhar para a realização feliz de si mesmo. A todos Deus nos chama à santidade, a viver a sua vida, mas tem um caminho para cada um. Alguns são chamados a se santificar constituindo uma família através do sacramento do matrimônio. Há quem diga que hoje o casamento está ‘fora de moda’. Está fora de moda? [Não…] Na cultura do provisório, do relativo, muitos pregam que o importante é ‘curtir’ o momento, que não vale a pena comprometer-se por toda a vida, fazer escolhas definitivas, ‘para sempre’, uma vez que não se sabe o que reserva o amanhã. Em vista disso, eu peço que vocês sejam revolucionários, eu peço que vocês vão contra a corrente; sim, nisto peço que se rebelem: que se rebelem contra esta cultura do provisório que, no fundo, crê que vocês não são capazes de assumir responsabilidades, crê que vocês não são capazes de amar de verdade. Eu tenho confiança em vocês, jovens, e rezo por vocês. Tenham a coragem de ‘ir contra a corrente’. E tenham também a coragem de ser felizes!”

  1. A Alegria do Evangelho, 24 de novembro de 2013

No dia 24 de novembro de 2013, no primeiro ano de seu pontificado, Francisco lança a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, sobre o anúncio do evangelho no mundo atual, uma Igreja “em saída”. A esse respeito, afirma o pontífice: “Naquele ‘ide’ de Jesus estão presentes os cenários e os desafios sempre novos da missão evangelizadora da Igreja; hoje todos somos chamados a esta nova ‘saída’ missionária” (n. 20). “Constituamo-nos em ‘estado permanente de missão’ em todas as regiões da terra” (n. 25). Na sequência, ele dá uma atenção especial à juventude: “A Pastoral Juvenil, tal como estávamos acostumados a desenvolvê-la, sofreu o impacto das mudanças sociais… A nós, adultos, custa-nos ouvi-los com paciência, compreender as suas preocupações ou as suas reinvindicações e aprender a falar-lhes a linguagem que eles entendem” (n. 105). “Como é bom que os jovens sejam ‘caminheiros da fé’, felizes por levarem Jesus Cristo a cada esquina, a cada praça, a cada canto da terra” (n. 106).

  1. A Laudato Si’, 24 de maio de 2014

Em sua encíclica sobre o cuidado com a casa comum, o papa Francisco, falando de educar para a aliança entre a humanidade e o ambiente, afirma: “Os jovens têm uma nova sensibilidade ecológica e espírito generoso, e alguns deles lutam admiravelmente pela defesa do meio ambiente” (n. 209).

Nessa carta, o pontífice apela para a simplicidade e sobriedade voluntárias. Contra o consumismo, que gera desigualdade, desequilíbrio e desperdício, afirma Francisco:

A espiritualidade cristã propõe uma forma alternativa de entender a qualidade de vida, encorajando um estilo de vida profético e contemplativo, capaz de gerar profunda alegria sem estar obcecado pelo consumo… É importante adotar um antigo ensinamento, presente em distintas tradições religiosas e também na Bíblia. Trata-se da convicção de que “quanto menos, tanto mais”… A espiritualidade cristã propõe um crescimento na sobriedade e uma capacidade de se alegrar com pouco (n. 222).

E prossegue: “A sobriedade, vivida livre e conscientemente, é libertadora. Não se trata de menos vida, nem de vida de baixa intensidade; é precisamente o contrário. É possível necessitar de pouco e viver muito, sobretudo quando se é capaz de dar espaço a outros prazeres, encontrando satisfação nos encontros fraternos, no serviço, na frutificação dos próprios carismas, na música e na arte, no contato com a natureza, na oração” (n. 223).

Os jovens, as novas gerações deverão ser tocadas por este desafio do “quanto menos, tanto mais”, fazendo frente ao mundanismo, ao consumismo e a consequente destruição da natureza, da casa comum. Está, também, nas mãos da juventude o desafio de cuidar do presente e do futuro do planeta.

  1. A alegria do amor, 19 de marçode 2016

Referindo-se aos jovens, na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Amoris Laetitia, o papa Francisco diz:

Correndo o risco de simplificar, podemos dizer que vivemos em uma cultura que impele os jovens a não formarem uma família, porque nos privam de possibilidades para o futuro. […] Precisamos encontrar as palavras, as motivações e os testemunhos que nos ajudem a tocar o íntimo dos jovens, em que são mais capazes de generosidade, de compromisso, de amor e até mesmo de heroísmo, para convidá-los a aceitar, com entusiasmo e coragem, o desafio do matrimônio (n. 40).

Prossegue o pontífice: “O Estado tem a responsabilidade de criar as condições legislativas e trabalhistas para garantir o futuro dos jovens e ajudá-los a realizar seu projeto de formar família” (n. 43).

Comentando o texto bíblico de 1Cor 13,4-7, diz o papa: “Vemos algumas características do amor verdadeiro”. Fala em paciência, atitude de serviço, curando a inveja, sem ser arrogante nem se orgulhar, amabilidade, desprendimento, sem violência interior, perdão, alegrar-se com os outros, tudo desculpa, confia, espera, tudo suporta.

A respeito dos idosos e de seu relacionamento com os jovens, afirma o pontífice: “Por isso, como gostaria de uma Igreja que desafia a cultura do descarte com a alegria transbordante de um novo abraço entre jovens e idosos” (n. 191).

Na sequência, afirma Francisco: “É preciso ajudar os jovens a descobrir o valor e a riqueza do matrimônio. Devem poder captar o fascínio de uma vida plena que eleva e aperfeiçoa a dimensão social da vida, confere à sexualidade o seu sentido maior, ao mesmo tempo que promove o bem dos filhos e lhes proporciona o melhor contexto para o seu amadurecimento e educação” (n. 205).

Por fim, falando da lógica da misericórdia pastoral, diz Francisco: “É preciso encorajar os jovens batizados para não hesitarem perante a riqueza que o matrimonio oferece aos seus projetos de amor, com a força do apoio que recebem da graça de Cristo e da possibilidade de participar plenamente na vida da Igreja” (n. 307).

  1. JMJ na Polônia, julho de 2016

Passada a JMJ do Rio, foram anunciados os temas das JMJs de 2014, 2015 e 2016, baseados nas bem-aventuranças. Os temas são, respectivamente, “Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu” (Mt 5,3), “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8) e “Felizes os misericordiosos, porque encontrarão misericórdia” (Mt 5,7).

Na JMJ da Polônia, entre as muitas mensagens, as mais fortes foram a ideia de que as coisas podem mudar e a convocação da juventude para sair do sofá, ser protagonista, deixar sua marca na história, na Vigília da JMJ.

Essa última mensagem foi dada logo após ter sido anunciado o DOCAT, o livro com a Doutrina Social para os jovens, convocando-os a mudar a si mesmos, o seu redor e o planeta.

Em 28 de julho de 2016, no encontro de boas-vindas dos participantes da JMJ, o papa Francisco disse:

Quando Jesus toca o coração dum jovem, duma jovem, estes são capazes de ações verdadeiramente grandiosas. É estimulante ouvi-los partilhar os seus sonhos, as suas questões e o seu desejo de opor-se a quantos dizem que as coisas não podem mudar. A estes, chamo-lhes “quietistas”, imobilistas: “Nada pode mudar”. Não é verdade; os jovens possuem a força de se lhes opor. Mas, talvez, alguns não estejam muito seguros disso! Eu pergunto-vos; vós respondeis: as coisas podem mudar? [Sim!] Não se ouve… [Sim!] Agora, sim!

  1. O DOCAT, julho de 2016

Durante a JMJ, em Cracóvia, na Polônia, foi lançado oficialmente o DOCAT: a Doutrina Social da Igreja para os jovens, em apresentação e linguagem juvenil.

O papa Francisco, no prefácio do DOCAT, diz: “Queridos jovens! O meu predecessor, o papa Bento XVI, colocou nas vossas mãos um Catecismo para Jovens, o YOUCAT. Hoje gostaria de entregar a vocês outro livro, o DOCAT, que contém a Doutrina Social da Igreja”.

Continua o papa: “No título está escondido o verbo inglês ‘TO DO’. O DOCAT responde à pergunta ‘Como agir? O que fazer?’ – é como que um manual de instruções que nos ajuda, com o evangelho, em primeiro lugar, a transformarmos a nós mesmos, depois a transformarmos o nosso ambiente mais próximo e, por fim, o mundo inteiro. Na verdade, com a força do evangelho, podemos transformar realmente o mundo”.

A base da Doutrina Social da Igreja é a Bíblia.

Jesus diz: “O que fizerdes a um dos meus irmãos mais pequenos é a mim que o fazeis”. Muitos santos sentiram‑se profundamente tocados por essa passagem da Escritura. São Francisco de Assis mudou por isso radicalmente a sua vida. Santa Teresa de Calcutá converteu‑se por causa dessas palavras. E Charles de Foucault, confessou: “Não há em todo o evangelho nenhuma palavra que tenha exercido mais influência na minha vida do que esta: tudo o que fizerdes a um dos meus irmãos mais pequeninos é a mim que o fazeis. Quando penso que essa palavra saiu da boca de Jesus, a Palavra eterna de Deus, que diz isto: ‘Isto é o meu corpo, […] isto é o meu sangue […]”. Como me vejo então chamado a procurar e a amar Jesus sobretudo nos pequenos, nos mais pequenos.

Continua dizendo o papa Francisco:

“Esta economia mata”, como referi na minha exortação Evangelii Gaudium (n. 53), porque, de fato, ainda existe nos nossos dias “aquela economia da exclusão e da disparidade dos rendimentos”. Há países onde 40 ou 50% dos jovens estão sem trabalho. Em muitas sociedades, os idosos são rejeitados, porque aparentemente não têm “valor” e já não são “produtivos”. Extensões inteiras de terra são despovoadas, porque os pobres fogem para os bairros de periferias das grandes metrópoles com a esperança de aí encontrarem alguma coisa para poderem sobreviver. A lógica produtiva de uma economia globalizada arruinou as modestas estruturas econômicas e agrícolas das suas regiões. Cerca de 1% da população mundial possui em média 40% da riqueza mundial e 10% da população mundial possui 85%. Por outro lado, “pertence” a metade da população mundial aproximadamente 1% deste mundo. 1,4 bilhão de homens vivem com menos de 1 euro por dia.

O papa Francisco faz uma proposta e um desafio à juventude. Quer que ela saia do sofá e seja protagonista:

Quando hoje vos convido a conhecer realmente a Doutrina Social da Igreja, não estou imaginando apenas grupos de estudo debaixo de uma árvore. Isso é bom! Fazei isso! Mas o meu sonho é maior: eu espero que um milhão de jovens, mais ainda, que uma geração inteira, seja, para os seus contemporâneos, uma Doutrina Social em movimento. O mundo só mudará quando homens com Jesus se entregarem por ele, com ele forem para as periferias e para o meio da miséria. Ide também para a política e lutai pela justiça e pela dignidade humana, sobretudo dos mais pobres. Todos vós sois a Igreja. Trabalhai para que esta Igreja se transforme, para que seja viva, porque se deixa interpelar pelos gritos dos desprovidos de direitos, pelos clamores dos que sofrem todo tipo de necessidade e daqueles pelos quais ninguém se interessa.

O sonho do papa com o DOCAT se resume em: Change yourself – transforma-te. Change your surroundings – transforma o meio onde vives. Change the whole world – transforma o mundo. Sim, o sonho de Francisco é: “Eu espero que um milhão de jovens, mais ainda, que uma geração inteira, seja, para os seus contemporâneos, uma doutrina social em movimento”.

Como vamos participar, colaborar e contribuir para que esse sonho do papa Francisco se torne real?

A Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB tem feito um trabalho de divulgação e estímulo aos grupos juvenis, à Pastoral Juvenil, para que os jovens assumam propostas e ações concretas. E tudo que for acontecendo será divulgado num aplicativo e no site <www.jovensconectados.org.br>.

  1. Maria: os temas das JMJs de 2017, 2018, 2019

Foram divulgados pelo Dicastério para os Leigos, Família e Vida os temas escolhidos pelo papa Francisco para as próximas Jornadas Mundiais da Juventude de 2017, 2018 e 2019, os quais são, respectivamente, “O Todo-poderoso realizou grandes coisas em meu favor”, “Não temas, Maria, porque encontraste graça junto de Deus” e “Eis a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra”. As duas primeiras serão celebradas nas dioceses, e a de 2019 será no Panamá.

Segundo informa o Dicastério para os Leigos, Família e Vida, “os três temas anunciados têm como objetivo dar uma conotação mariana forte ao itinerário espiritual das próximas JMJs, recordando ao mesmo tempo a imagem de uma juventude a caminho entre passado (2017), presente (2018) e futuro (2019), animada pelas três virtudes teologais: fé, caridade e esperança”.

Sobre essa inspiração mariana do percurso proposto aos jovens até o grande evento de 2019, no Panamá, a Rádio Vaticano conversou com o padre João Chagas, brasileiro e responsável pelo Setor Juventude do Dicastério para Leigos, Família e Vida. Na ocasião, afirmou o padre Chagas:

É a primeira vez que um caminho de preparação para uma Jornada terá todo o percurso mariano. Nós já tivemos, em todo esse percurso de mais de trinta JMJs, duas vezes, em Jornadas celebradas em nível diocesano, os temas marianos. Mas nunca houve um tema mariano numa Jornada Mundial internacional. Dessa vez nós vamos ter três seguidos: todo um caminho mariano, uma grande alegria, uma grande bênção: sabemos como nosso povo e nossa juventude tem um carinho especial pela mãe de Deus. A Arquidiocese do Panamá é a primeira diocese em terra firme do continente americano e tem uma grande devoção a Nossa Senhora chamada “La Antigua”. Maria “La Antigua” que é uma devoção de origem espanhola, mas que é muito forte no Panamá. E, com certeza, para o Brasil, por exemplo, acho que foi muito significativa essa escolha de um tema mariano, de temas marianos, exatamente quando o Brasil celebra os trezentos anos de Aparecida, e Portugal, os cem anos de Fátima, então cai como uma luva. Não foi uma coisa, acredito, intencional, mas com certeza na intenção de Deus foi providencial.

O caminho mariano proposto aos jovens para as JMJs está em sintonia com a reflexão que o papa Francisco confiou ao próximo Sínodo dos Bispos de 2018: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.

  1. O Sínodo dos bispos em 2018

De acordo com um comunicado divulgado pela Santa Sé, como de costume, o papa Francisco escolheu o tema depois de consultar as Conferências Episcopais, as Igrejas orientais católicas sui iuris e a União dos Superiores Gerais e de ouvir as sugestões dos padres da última Assembleia Sinodal e o parecer do XIV Conselho Ordinário.

Segundo o comunicado da Sala de Imprensa do Vaticano, o tema é expressão da solicitude pastoral da Igreja para com os jovens e está em continuidade com o que emergiu nas recentes assembleias sinodais sobre a família e com o conteúdo da Exortação Apostólica Pós-Sinodal Amoris Laetitia.

Ainda segundo a Sala de Imprensa, a finalidade do próximo sínodo é acompanhar os jovens em seu caminho existencial rumo à maturidade, para que, através de um processo de discernimento, possam descobrir seu projeto de vida e realizá-lo com alegria, abrindo-se ao encontro com Deus e com as pessoas, participando ativamente da edificação da Igreja e da sociedade.

Na Evangelii Gaudium, já dizia o papa Francisco, referindo-se aos jovens, que “em muitos lugares há escassez de vocações ao sacerdócio e à vida consagrada. Frequentemente isso se deve à falta de ardor apostólico contagioso nas comunidades, pelo que estas não entusiasmam nem fascinam. Onde há vida, fervor, paixão de levar Cristo aos outros, surgem vocações genuínas” (n. 107).

A juventude olha com esperança para esse sínodo. A Igreja toda voltará sua atenção para os jovens. Que o Espírito inspire belas e proféticas orientações.

Conclusão

E agora?

Diante de juventudes que têm medo de morrer, de sobrar, de viver desconectadas…

Diante da geração nem/nem: nem estuda, nem trabalha, nem procura trabalho, que vai se tornar uma geração perdida, desempregada e sem perspectiva de futuro…

Diante do ateísmo crescente no mundo juvenil e do afastamento das religiões tradicionais, (9 milhões de católicos abandonaram a Igreja nos últimos dois anos, segundo pesquisa do Datafolha de 24 de dezembro de 2016)…

Diante do extermínio de jovens e do crescente número de suicídios no mundo juvenil…

Diante do desencanto com a política e os políticos…

Diante dos ambientes virtuais, “onde a rapidez da comunicação e a superação das distâncias geográficas tornam-se grandes atrativos, especialmente aos jovens” (DGAE 59)…

Queremos continuar caminhando com as palavras encorajadoras de papa Francisco ditas no dia 25 de julho de 2013, na JMJ do Rio de Janeiro:

Queridos jovens: se queremos que nossa vida tenha realmente sentido e plenitude, digo a cada um e a cada uma de vocês: “bote fé” e a vida terá um sabor novo, terá uma bússola que indica a direção; “bote esperança” e todos os seus dias serão iluminados e o seu horizonte já não será escuro, mas luminoso; “bote amor” e a sua existência será como uma casa construída sobre a rocha, o seu caminho será alegre, porque encontrará muitos amigos que caminham com você. “Bote fé”, “bote esperança”, “bote amor”.

Queremos continuar “em saída”, misericordiosos, indo às periferias, com a porta de nosso coração aberta, “de par em par”, como nos diz o papa Francisco na Carta Apostólica Misericordia et Misera: “Termina o Jubileu e fecha-se a Porta Santa. Mas a porta da misericórdia do nosso coração permanece sempre aberta de par em par”.

Dom Vilson Basso

Dom Vilson Basso, scj, bispo da Diocese de Caxias, Maranhão, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB.