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Publicado em julho-agosto de 2020 - ano 61 - número 334 - pág.: 22-31

O ministério sacerdotal para uma Igreja em saída

Por Dom Edson Oriolo

Introdução

Desde sua primeira aparição como papa, na praça de São Pedro, Bergoglio tem demonstrado simplicidade: sua maneira de interromper o percurso em procissões ou descer do presbitério, nas cerimônias, para beijar e acariciar enfermos e crianças; as manifestações de afeto, com sorriso espontâneo e constante na face; seu estilo de vida simples (sabe cozinhar, paga as contas, segura a porta do elevador para esperar os outros); sua fortaleza, que o preserva de palavras eivadas de angústia e perplexidade; a crítica ao carreirismo; sua liberdade de espírito, a transparência nos posicionamentos com jornalistas; seu espírito de oração, próprio de um homem de Deus, levantando sempre às 5 da manhã para rezar; o empenho na colegialidade, com a realização de sínodos baseados na escuta; sua profundidade em discursos, homilias e entrevistas; a coerência retratada no seu lema papal.

Para além desses gestos, cheios de significado e reveladores de novo modo de compreender o ministério petrino (em ruptura com o modelo monárquico de papado), faz-se necessário lançar um olhar profundo para a eclesiologia de Francisco, a qual subjaz nesses gestos, mas não se reduz a eles. Aliás, penso que esta seja uma das tentações que nos rondam em nosso contexto eclesial: a tendência exacerbada a reducionismos, sobretudo de ordem estética e ocasional. Apenas uma análise criteriosa da eclesiologia de Francisco, à luz de seu magistério, nos colocará em maior sintonia com sua compreensão sobre o sacerdócio.

Nesse sentido, Francisco, numa audiência geral no dia 26 de março de 2014, na praça de São Pedro, fala de três aspectos da missão do ordenado. Nesses três aspectos, revela uma missão pastoral, teológica, do ordenado em relação ao povo de Deus na sua constituição histórica e cultural. Primeiro ele é colocado como “chefe da comunidade” na dinâmica e autoridade do serviço. “O Filho do Homem veio não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgaste por muitos” (Mt 20,25-28; Mc 10,42-45). O sacerdote é também “um apaixonado pela Igreja”. Em virtude do sacramento da ordem, dedica-se inteiramente à própria comunidade, amando-a com todo o seu coração: é a sua família. O terceiro aspecto é que ele procure “reavivar sempre o seu dom”. Quando o ministério do sacerdote não se alimenta da oração, da escuta da Palavra de Deus e da celebração cotidiana da Eucaristia, bem como da frequência no sacramento da penitência, acaba inevitavelmente por perder de vista o sentido autêntico do próprio serviço e a alegria que deriva da profunda comunhão com Jesus.

O sacerdote, quando reaviva o dom do seu ministério, torna-se um apaixonado pela Igreja de Jesus Cristo e vivencia a dinâmica do serviço e da autoridade na vida da comunidade que lhe foi confiada. Mergulha profundamente na missão e sai para ajudar e dinamizar a comunidade. É capaz de sair da zona de conforto onde se encontra e visitar as pessoas onde elas se encontram, sendo sinal de esperança.

À luz do ser e agir do papa Francisco, podemos afirmar que os sacerdotes do século XXI deverão ser formados para fazer resplandecer novo modelo de Igreja: uma “Igreja em saída”, que responda às exigências da ação evangelizadora, valorizando a cultura do povo, e entenda a piedade popular na dinâmica pastoral e teológica e sua relação com os pobres. O sacerdote para uma “Igreja em saída” será alguém com clareza sobre a identidade teológica do próprio ministério, inserido na cultura atual e vocacionalmente motivado. O povo de Deus necessita de sacerdotes que sejam discípulos-missionários, profetas, misericordiosos e amigos dos pobres. Em síntese, emerge da eclesiologia do papa Francisco, como sacerdotes para uma “Igreja em saída”, aqueles que desenvolvam alma, espírito e disposição para a missão.

Além disso, o magistério do papa Francisco, em relação aos sacerdotes, tem nos encorajado e iluminado com a espiritualidade e a profecia, que distinguem, igualmente, a “Igreja em saída”. Afirma que os sacerdotes não são funcionários, são pastores ungidos para o povo de Deus. Na catedral de Palermo, em 15 de setembro de 2018, o papa afirmou: “O sacerdote é um homem de Deus 24 horas por dia, e não somente quando veste os paramentos. A liturgia seja para vocês vida, não somente rito”, e continuou: “o sacerdote é o homem do dom, do dom de si, todos os dias, sem férias e sem pausa. Porque a nossa, queridos sacerdotes, não é uma profissão, mas uma doação; não é um trabalho, mas uma missão”.

O sacerdote, na concepção do papa, deverá ser “pobre para os pobres”, isto é, desapegado de si e de ambições mundanas e profundamente doado, como verdadeiro sinal da solidariedade e do amor de Deus. Isso não se caracteriza, apenas, por aspectos exteriores ou circunstanciais (como o padre se veste ou vive), mas pela conformação profunda ao Cristo pobre, que, isso sim, modificará todo o seu modo de ser e viver. Não se trata apenas de impor um estilo (grande tentação simplista), mas sobretudo de propor uma conversão ontológica, algo que ou nasce da profundidade ou será nova moda, fugaz e descartável.

Refletindo sobre a nova Ratio Fundamentalis, em audiência concedida aos participantes da plenária da Congregação para o Clero, em 17 de junho de 2017, o papa comentou três comportamentos importantes para os sacerdotes:

a) rezar sem cessar – “A oração, a relação com Deus, o cuidado da vida espiritual dão alma ao ministério, e o ministério dá corpo à vida espiritual: o sacerdote se santifica e santifica os outros no exercício concreto do ministério, especialmente rezando e celebrando os sacramentos”;

b) caminhar sempre – “O sacerdote deve se atualizar sempre e permanecer aberto às surpresas de Deus”. Nessa abertura ao novo, “os sacerdotes jovens podem ser criativos na evangelização, frequentando com discernimento os novos lugares de comunicação”.

c) partilhar com o coração – “A vida sacerdotal não é um escritório burocrático ou um conjunto de práticas religiosas ou litúrgicas para atender. Ser sacerdote significa arriscar a vida pelo Senhor e pelos irmãos, carregando na própria carne as alegrias e angústias do povo, dedicando tempo e escuta para curar as feridas dos outros, oferecendo a todos a ternura do Pai”.

Finalmente, o papa insiste na essência da mensagem cristã: o carinho, o acolhimento, a compaixão de Deus. Esses serão três pilares no exercício do ministério sacerdotal. Nesse sentido, podemos entender que a palavra “sacerdote” é formada pela combinação de sacer (“sagrado”) com dhtos (“fazer”) – portanto, significando etimologicamente “aquele que realiza cerimônias sagradas” e, ademais, “aquele que administra as coisas do sagrado”. O sacerdote é a pessoa inserida no sagrado, para santificar e ser expressão da presença de Deus. Tem verdadeira ligação com o mistério. É um mistagogo. Está em contato com o divino para divinizar, isto é, humanizar em profundidade. É uma pessoa consagrada, enviada por Deus. Um homem que foi escolhido por Cristo e, por isso, deve tê-lo como Mestre para a vida: “Não fostes vós que me escolhestes” (Jo 15,16).

Para compreender, com maior especificidade, o sacerdote nessa “Igreja em saída”, vejamos as inspirações do santo padre nas suas meditações, realizadas nas celebrações da missa do Crisma, nos anos de 2013 a 2018. São reflexões, pistas, diretrizes, horizontes de densa mística para que os sacerdotes perpetuem a presença de Cristo na história das pessoas de todos os tempos e entendam sua identidade e missão.

a) O sacerdote: pastor com cheiro das ovelhas

Na primeira celebração da missa crismal como bispo de Roma, no dia 28 de março de 2013, numa Quinta-feira Santa, Francisco lembrou que celebrava sua primeira missa crismal como bispo de Roma. Demonstrou muita alegria e recordou o dia de sua ordenação sacerdotal.

Nessa homilia, exortou os sacerdotes a ir “às periferias existenciais, onde há sofrimento e sangue, há cegueira que quer ver e há prisioneiros de tantos patrões maus”, e a serem “pastores com cheiro das ovelhas” e “pastores no meio do seu rebanho e pescadores de homens”.

Francisco enfatizou: “Somos chamados e constituídos pastores, não pastores por nós mesmos, mas pelo Senhor, e não para servirmos a nós mesmos, mas o rebanho que nos foi confiado, servindo-o até dar a nossa vida como Cristo, Bom Pastor (cf. Jo 10,11)”.

Depois, afirmou que

o sacerdote que sai pouco de si mesmo, que unge pouco […], perde o melhor do nosso povo, aquilo que é capaz de ativar a parte mais profunda do seu coração presbiteral. Quem não sai de si mesmo, em vez de ser mediador, torna-se pouco a pouco um intermediário, um gestor. Daqui deriva precisamente a insatisfação de alguns que acabam por viver tristes, padres tristes, e transformados numa espécie de colecionadores de antiguidades ou então de novidades, em vez de serem pastores com o cheiro das ovelhas. Isto vos peço: sede pastores com o cheiro das ovelhas” (FRANCISCO, 2013).

Francisco diz que “o óleo precioso, que unge a cabeça de Aarão, não se limita a perfumá-lo, mas se espalha e atinge as periferias […]. A unção não é para perfumar a nós mesmos, e menos ainda para que a conservemos num frasco, pois o óleo tornar-se-ia rançoso”. E quando as pessoas sentem que, por nosso intermédio, lhes chega o perfume do Ungido, de Cristo, animam-se a confiar-nos tudo o que elas querem que chegue ao Senhor: “Reze por mim, padre, porque tenho este problema; abençoe-me, padre; reze para mim”.

O nosso povo gosta do Evangelho quando é pregado com unção, quando o Evangelho que pregamos chega ao seu dia a dia, quando escorre como o óleo de Aarão até as bordas da realidade, quando ilumina as situações extremas, “as periferias” onde o povo fiel está mais exposto à invasão daqueles que querem saquear a sua fé (FRANCISCO, 2013).

O sacerdote ungido é pastor no meio do seu rebanho e pescador de homens.

b) O sacerdote: aquele que irradia alegria

Na homilia proferida na missa do Crisma, na basílica Vaticana, em 17 de abril de 2014, Francisco falou especialmente aos sacerdotes sobre a alegria sacerdotal. A alegria deve fazer parte da vida do sacerdote. Ele afirmou que a alegria dos sacerdotes tem sua fonte no amor do Pai, e o Senhor deseja que a alegria desse amor esteja em nós e seja completa.

O sacerdote deve ser sempre alegre e nunca triste. Não pode ter uma cara de quem parece estar em constante estado de luto. Deve manifestar, no dia a dia, uma alegria que possa contagiar quem estiver do seu lado.

O papa Francisco iniciou a homilia falando sobre a unção. O sacerdote é ungido e é enviado para ungir: ungido com o óleo da alegria para ungir o povo com o óleo da alegria.

O Senhor ungiu-nos em Cristo com óleo da alegria, e esta unção convida-nos a acolher e cuidar deste grande dom: a alegria, o júbilo sacerdotal. A alegria do sacerdote é um bem precioso tanto para si mesmo como para todo o povo fiel de Deus: do meio deste povo fiel é chamado o sacerdote para ser ungido e ao mesmo povo é enviado para ungir ((FRANCISCO, 2014b).

A alegria faz parte da vida do sacerdote, e o sacerdote revela uma pessoa alegre. Portanto, ele vive na alegria que unge, na alegria incorruptível e na alegria missionária.

c) Sacerdote, missão incansável

No ano de 2015, o papa Francisco falou sobre “o cansaço dos sacerdotes”. “Rezo por vós, que trabalhais no meio do povo fiel de Deus que vos foi confiado; e muitos fazem-no em lugares demasiado isolados e perigosos. E o nosso cansaço, queridos sacerdotes, é como o incenso que sobe silenciosamente ao céu (cf. Sl 141/140,2; Ap 8,3-4)”.

O papa fala do cansaço e do peso do trabalho pastoral que, muitas vezes, traz a tentação de descansarmos de um modo qualquer, como se o repouso não fosse uma coisa de Deus: “A vida sacerdotal vai se doando no serviço, na proximidade ao povo fiel de Deus, o que sempre, sempre, cansa. Saímos de nós mesmos para ungir e servir (somos aqueles que cuidam)”.

O santo padre referiu-se também ao repouso merecido. Citou uma chave para obter a fecundidade do repouso sacerdotal. De acordo com ele, a fecundidade de um repouso merecido está na forma como os sacerdotes repousam e como o Senhor cuida do cansaço deles.

Francisco convidou os sacerdotes a examinarem-se, perguntando-se a si mesmos: “Sei repousar recebendo o amor, a gratidão e todo o carinho que me dá o povo fiel a Deus… ou, depois do trabalho pastoral, procuro repousos mais refinados: não os repousos dos pobres, mas os que oferece a sociedade de consumo?”

Repassemos brevemente os compromissos dos sacerdotes, que proclama a liturgia de hoje: levar a Boa-nova aos pobres, anunciar a libertação aos cativos e a cura aos cegos, dar a liberdade aos oprimidos e proclamar o ano de graça do Senhor. Isaías diz também cuidar daqueles que têm o coração despedaçado e consolar os aflitos (FRANCISCO, 2015).

“Os compromissos mencionados por Jesus envolvem nossa capacidade de compaixão: são compromissos nos quais nosso coração estremece e se comove. Conhecer nosso povo.”

“A imagem mais profunda e misteriosa de como o Senhor cuida do nosso cansaço pastoral – “Ele, que amara os seus (…), levou o seu amor por eles até o extremo” (Jo 13,1) – é a cena do lava-pés.”

“O Senhor lava-nos e purifica-nos de tudo aquilo que se acumulou nos nossos pés ao segui-lo. E isso é sagrado. Não permitais que fique manchado. Como Ele beija as feridas de guerra, assim lava a sujeira do trabalho.”

O papa quis encorajar os sacerdotes, lembrando que Nossa Senhora percebe esse cansaço.

d) O sacerdote: ministro da misericórdia

Na sua homilia do dia 24 de março de 2016, na basílica Vaticana, o papa tratou da primeira pregação de Jesus na sinagoga de Nazaré, que marcava o início da sua vida pública terrena. Seus conterrâneos, porém, não quiseram ouvi-lo; ao contrário, rejeitaram-no por ele ser o filho de José, o carpinteiro. “Os sentimentos surgidos nos contemporâneos de Jesus situavam-se no lado oposto: afastaram-no e fecharam-lhe o coração.”

Dirigindo-se, de modo particular, aos numerosos sacerdotes presentes, o pontífice exortou:

Como sacerdotes, somos testemunhas e ministros de uma misericórdia cada vez maior do nosso Pai; temos a doce e confortadora tarefa de a encarnar na terra, como Jesus fez ao andar, por toda parte, fazendo o bem e curando, para que sua misericórdia chegasse a todos. Devemos contribuir para sua inculturação, a fim de que cada pessoa a receba, a compreenda e a pratique (FRANCISCO, 2016).

Nesse sentido, o santo padre advertiu os sacerdotes sobre a necessidade de se identificarem com aquele povo descartado, que o Senhor salva, lembrando que existem multidões inumeráveis de pessoas pobres, ignorantes e prisioneiras por causa daqueles que as oprimem. Por isso, recordou que nós, muitas vezes, somos cegos, privados da luz maravilhosa da fé, devido ao excesso de teologias complicadas e de espiritualidades superficiais, que nos tornam prisioneiros e oprimidos. E concluiu: “Com a graça do Espírito Santo, procuremos comprometer-nos a comunicar a misericórdia de Deus a todos os homens, praticando as obras que o Espírito suscita em cada um para o bem comum de todo o povo fiel de Deus!”

e) O sacerdote: homem do Evangelho

No ano de 2017, na celebração da missa crismal de Quinta-feira Santa, o papa afirmou:

Tudo aquilo que Jesus anuncia é Boa-nova; alegra com a alegria evangélica; e o mesmo se diga de nós, sacerdotes, de quem foi ungido em seus pecados com o óleo do perdão e ungido no seu carisma com o óleo da missão, para ungir os outros. […] O sacerdote torna jubiloso o anúncio com toda a sua pessoa (FRANCISCO, 2017).

O pontífice também ressaltou três graças que o Evangelho traz: verdade, misericórdia e alegria.

Nunca a verdade da Boa-nova poderá ser apenas uma verdade abstrata […]; nunca a misericórdia da Boa-nova poderá ser uma falsa compaixão, que deixa o pecador na sua miséria, não lhe dando a mão para se levantar […]; nunca a Boa-nova poderá ser triste ou neutra, porque é expressão de uma alegria inteiramente pessoal: “a alegria dum Pai que não quer que se perca nenhum dos seus pequeninos” (FRANCISCO, 2017).

Francisco mencionou que, “sem Nossa Senhora, não podemos avançar no nosso sacerdócio! Ela é a serva humilde do Pai, que transborda de alegria no louvor (EG 286)”.

f) O sacerdote: estar sempre e falar com todos

Na missa do dia 29 de março de 2018, Francisco disse:

Quando as pessoas afirmam, de um sacerdote, que está “perto da gente”, habitualmente fazem ressaltar duas coisas: a primeira é que “está sempre” (ao contrário do que “nunca está”; deste costumam dizer: “Já sei, padre, que está muito ocupado”). E a outra coisa é que sabe ter uma palavra para cada um. “Fala com todos – dizem as pessoas – com os grandes, com os pequenos, com os pobres, com aqueles que não creem…”. Padres próximos, que estão, que falam com todos…, padres de estrada (FRANCISCO, 2018).

O papa sugeriu, para meditação, três âmbitos de proximidade sacerdotal que podem ressoar, no coração das pessoas com quem falamos, com o mesmo tom materno de Maria, quando disse: “Fazei o que ele vos disser”: o âmbito do acompanhamento espiritual, o da confissão e o da pregação.

Finalmente, explicou que

o sacerdote próximo, que caminha no meio do seu povo com proximidade e ternura de bom pastor (e, na sua pastoral, umas vezes vai à frente, outras vezes no meio e outras vezes ainda atrás), as pessoas não só o veem com muito apreço; mas vão mais além: sentem por ele algo especial, algo que só sentem na presença de Jesus (FRANCISCO, 2018).

Dirigindo-se diretamente aos sacerdotes, Francisco elevou uma prece a Maria, “Nossa Senhora da proximidade”, pedindo que mantenha os sacerdotes unidos no tom, “para que, na diversidade das opiniões, se torne presente sua proximidade materna, aquela que, com seu ‘sim’, nos aproximou de Jesus para sempre”

Conclusão

O papa Francisco apresenta, portanto, o sacerdote como pastor com cheiro das ovelhas; como aquele que irradia alegria; fala do cansaço dos sacerdotes, denotando o cultivo de sua humanidade; do sacerdote como ministro da misericórdia; como homem do Evangelho e aquele que deve estar sempre com todos e falar com todos. Essas são, em síntese, as características principais do sacerdote para uma “Igreja em saída”, “pobre para os pobres”. Insisto que devemos nos aprofundar no pensamento de Francisco para usufruirmos da riqueza de sua eclesiologia relevante e extremamente oportuna.

Para Francisco, o sacerdote é “servo de Cristo”, no sentido de que sua existência, ontologicamente conformada a Jesus, adquire uma índole essencialmente relacional: ele vive por Cristo, com Cristo e em Cristo, a serviço da humanidade. A identidade do sacerdote e a missão são uma realidade unitária e indivisível. Nesse sentido, o sacerdote para uma “Igreja em saída” é aquele em cujo ministério não há separação e, menos ainda, antagonismo entre ser e fazer, mas justaposição. A eclesiologia e, por conseguinte, o sacerdócio, no pensamento do papa, caracterizam-se pelo binômio “identidade-missão”.

Referências bibliográficas

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MC CARTEN, Anthony. Dois papas. Rio de Janeiro: Best Seller, 2019.

ORIOLO, Dom Edson. Gestão paroquial para uma Igreja em saída. São Paulo: Paulus, 2018.

______. Paróquia renovada: sinal de esperança. São Paulo: Paulus, 2017.

Dom Edson Oriolo

é bispo diocesano de Leopoldina-MG. Escreveu Gestão paroquial para uma Igreja em saída e Evangelização nas cidades: raízes na teologia do povo, entre outras obras, pela Paulus.