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Publicado em novembro-dezembro de 2011 - ano 52 - número 281

Espírito e natureza na reflexão Teológica atual

Por Josias da Costa Júnior

Ao propor o título acima, queremos conjugar duas preocupações latejantes: 1) a centralidade que o Espírito Santo deve ocupar na reflexão teológica, tal como acontece nas comunidades de fé; e 2) a atual situação de constante ameaça em que se encontra este planeta. Num campo mais amplo de reflexão, trata-se de estabelecer uma relação entre teologia e ecologia, bem como investigar sobre quais bases há a possibilidade de pensar uma teologia ecológica. Com isso, destacaremos a importância de trazer a pneumatologia e a ecologia para o centro da reflexão teológica e os desafios que se apresentam quando isso se efetiva. Portanto, os objetivos aqui são: pensar uma teologia ecológica, destacar o papel central do Espírito e propor novo eixo interpretativo para a teologia cristã. A ecologia não deve ficar restrita aos grandes círculos de debates acadêmicos ou ao âmbito das políticas partidárias, pois é questão e tarefa de todas as pessoas. Por isso, a articulação entre teologia e ecologia pode ter alcance em variados setores da sociedade, e é possível levantar questões sobre como sensibilizar e desenvolver, por exemplo, uma vida cristã com consciência e sentido de preservação do meio ambiente, a criação de Deus.

 

1. Desafios e possibilidades da ecologia na reflexão teológica e na prática cristã

 

A teologia cristã se propõe a uma visão global da humanidade. Quem se pergunta pelos planos de Deus deve se confrontar com os planos do ser humano. Ao confrontar os planos da humanidade com os planos de Deus, surge a realidade do pecado da humanidade. Não falamos no sentido abstrato, mas daquele pecado que está escrito na história, na realidade concreta, nas estruturas das sociedades. A teologia quer sempre mergulhar nas raízes dos problemas do ser humano. Então, fazer teologia significa fazer uma leitura da realidade à luz da fé; significa, nesse caso, perguntar o que Deus tem que ver com questões ambientais, ecológicas. Nesse sentido, a teologia não pode ficar indiferente aos atuais problemas ecológicos. Na verdade, a tradição cristã já foi duramente criticada e apontada como uma das grandes responsáveis pela crise ecológica atual, pois a interpretação que situou o ser humano como centro dominador da criação povoou o imaginário ocidental.

É preciso uma aproximação diferente do texto sagrado, pois Gênesis 1 apresenta a ideia de Deus como criador e do ser humano como imagem de Deus. Em Gênesis 1,28, o ser humano tem suas atribuições de domínio na criação, mas isso não significa que ele deve ser um senhor prepotente, arrogante: antes, deve ser prudente e amoroso; deve “cultivar” e “guardar” a criação em curso, conforme Gênesis 2,15.

Quanto à ecologia, é mais correto afirmar que ela se apresenta muito mais como desafio do que como objeto da teologia. É importante lembrar que há dois modos de compreensão da ecologia: como crise ambiental e como ciência. Em geral, as pessoas entendem que “ambiental” e “ecológico” são sinônimos. Mas não é demais enfatizar que, na ciência, o ambiental é relativo ao ambiente; já o ecológico é um pensamento científico dentro da biologia, que é outra ciência (cf. Boff, 2004, p. 147). Portanto, há duas posições distintas para compreender a mesma questão: uma é de uso popular, e outra, de uso científico (biologia). Contudo, o campo semântico foi ampliado com os três famosos registros ecológicos: o ambiental, o social e o mental (Guattari, 1990, p. 8).

Sobre a questão da relação entre teologia e ecologia, citaremos duas dificuldades que podem surgir. A primeira é teórica, pois ecologia e Bíblia, ecologia e literatura, ecologia e sociologia, ecologia e ética, ecologia e política revelam áreas de pesquisas diferentes e exigem fundamentações teóricas também diferenciadas, outros meios de aproximação, métodos diversos. Isso significa que, ao nos deter na relação entre teologia e ecologia, está caracterizada a opção por uma linha de pesquisa e, consequentemente, a recusa de outras tantas.

A outra dificuldade é conceitual, pois não é suficiente conceber uma teologia ecológica, uma relação entre teologia e ecologia, apenas conjugando os dois termos, “teologia” e “ecologia”, de modo enunciativo. É necessário repensá-los numa perspectiva crítica. Apenas empregar e/ou reempregar conceitos antigos de “natureza” e “teologia” para o estabelecimento das formas de uma teologia ecológica é ficar no meio do caminho de uma abordagem interdisciplinar e é o mesmo que não fazer teologia ecológica. Entendemos aqui que uma teologia ecológica deve apresentar os termos “teologia” e “ecologia” de tal modo juntos, que forneçam uma perspectiva crítica desde uma avaliação da herança da cultura ocidental e da tradição cristã.

Mesmo com essas dificuldades, brevemente apresentadas acima, lembramos que a teologia cristã reivindica a sua palavra sobre tudo aquilo que envolve o ser humano. Com isso, a ecologia, em seus diferentes modos de entendimento, também se tornou alvo de interesse na reflexão teológica. Na vasta literatura que se pode encontrar em perspectiva ecológica para uma leitura dos vários aspectos da vida, existe uma busca para interpretar o modo mais correto de tratar o meio ambiente ou fazer bom uso da natureza. Isso significa que a ecologia tem servido para interpelar criticamente a postura do homem moderno. Uma crítica que implica questionamento dos pressupostos antropológicos e éticos desse homem moderno, fazendo emergir, assim, a reivindicação de um novo paradigma, isto é, de um novo modelo básico interpretativo da realidade.

Falar da relação entre teologia e ecologia também abre a possibilidade de pôr em relevo a singular importância que a teologia cristã teve na construção do paradigma do homem moderno. Isso significa considerar que a teologia cristã contribuiu de modo positivo e negativo para a formação desse homem moderno, à medida que se observa grande desenvolvimento tecnológico à custa de impiedosa destruição da natureza. Desse modo, a teologia cristã também se tornou alvo das críticas feitas ao relacionamento do homem moderno com seu ambiente. Nesse sentido, a relação entre teologia e ecologia é também uma relação tensa, de interpelação, já que sobre a primeira recai a acusação de pertencer a uma tradição causadora da destruição do meio ambiente.

Mas a relação entre teologia e ecologia deve também provocar uma ampliação do interesse pela questão ambiental. A ecologia já não é apenas tarefa da ciência, ou dos ecologistas, ou dos engenheiros do meio ambiente. Essa abertura significa importante ampliação do tratamento da questão ambiental com uma visão que quer ultrapassar a compreensão reducionista do mundo, quando deste foi extirpada arbitrariamente qualquer dimensão de abertura ao mistério, à afetividade, à transcendência, a Deus. Para a reflexão teológica cristã, é interessante pensar na ecologia como mola que impulsiona a crítica aos pressupostos antropológicos e éticos do homem moderno, uma vez que a crise ecológica interpela os fundamentos da civilização moderna, a saber: a ciência, o individualismo, a autonomia, a industrialização, o consumismo, a técnica, a urbanização. A crítica recai sobre a compreensão do ser humano como medida de todas as coisas, pois isso estabeleceu distanciamento entre o ser humano e a natureza. Essas e outras dificuldades – e também desafios que se interligam, interagem, se completam, no campo teórico e prático – surgem quando se busca relacionar teologia e ecologia; quando se quer entender o significado da fé no Deus criador e deste mundo como criação sua, diante de toda a realidade de exploração industrial desmedida e de constante agressão e destruição da natureza.

 

2. Deus em toda sua criação: uma compreensão a partir do pensamento processual

 

Neste ponto, queremos mostrar que há profundo interesse de Deus em se relacionar com a sua criação. Gênesis 1 afirma que o “Espírito de Deus pairava sobre a face das águas”. Por essa declaração é possível perceber que não há nenhum conflito ou contraposição entre transcendência e imanência, ou entre além e aquém. Pensar na necessidade de compromisso que as comunidades de fé devem ter com as questões ecológicas passa pela compreensão da presença de Deus no mundo e pela fé nessa presença. A teologia do processo ajuda significativamente nessa reflexão entre teologia e ecologia e na relação de Deus com sua criação.

O pensamento do processo se revela contrário às práticas dominantes da vida moderna, além de ser uma alternativa aos dualismos alma e corpo, espírito e natureza, mente e matéria, indivíduo e coletivo. Ter uma fala relevante na situação contemporânea é grande desafio, e a teologia que mais adequadamente se apropriou das contribuições do pensamento do processo é chamada de teologia do processo. Os pensadores do processo estão preocupados em conceber o mundo como um organismo, algo vivo, dinâmico, distanciado de um modo mecânico de ver a realidade. Então, a característica dessa teologia é o processo, isto é, a compreensão de que a realidade não é estática, imóvel, separada e substancial, mas é dinâmica, está em processo. Muito significativo na ideia de organismo é que a existência de cada ente deve ser vista na relação com seu meio ambiente. Seguindo essa linha de pensamento, na perspectiva da fé no Deus criador, a atenção deve se concentrar numa criação que ainda está em processo de se fazer, ou seja, numa natureza plena de energia criativa.

O aspecto descrito acima pode ser chamado de modelo ecológico, pois valoriza uma postura de apreciação de todos os seres vivos numa tentativa de superar o utilitarismo consagrado pelo modelo mecânico, que tem o ser humano como centro e medida de todas as coisas (antropocentrismo). Isso significa alargamento e desejo de mudança: da visão antropocêntrica para a ecológica.

É importante que se diga que o modelo ecológico tem desdobramentos muito significativos, particularmente na doutrina de Deus. No teísmo clássico, Deus se caracteriza como substância imutável, enquanto a teologia do processo o vê como a mais perfeita exemplificação do modelo ecológico. Essa divina perfeição não significa que Deus seja insensível ao sofrimento e à dor da sua criação, mas aberto, receptivo e responsivo. Deus é constituído por relações com toda a sua criação, e essa relação expressa o amor. Deus não está distante, simplesmente observando o sofrimento de sua criação, que é duramente agredida. Também não está indiferente ao grito de dor da criação por causa do ferimento (cf. Romanos 8,22) provocado pela falta de preservação, falta de cultivo do ser humano. Assim, Deus está envolvido amorosamente com e na sua criação. O aspecto que podemos mencionar na questão da imanência de Deus ou da sua necessária relação com o mundo é a busca por uma visão integral de Deus e do mundo. Uma das principais contribuições dos teólogos do processo é apresentar uma visão de Deus verdadeiramente presente na sua criação. “O Espírito do Senhor enche a terra” (Sabedoria 1,7). Deus está no mundo.

 

3. Ecofeminismo: teologia e ecologia a partir do olhar feminino

 

Uma reflexão sobre Deus – e sobre tudo que a ele se relaciona – a partir da visão das mulheres não pode ser ignorada nos dias atuais (reflexão feminista). Quando se trata da experiência que as mulheres têm de Deus e de mundo com o fito de descrever a relação de Deus com o mundo, trata-se de ecofeminismo. A proposta central é redefinir como Deus se relaciona com o mundo. O termo ecofeminismo reúne, portanto, duas preocupações: a ecologia e o feminismo. As ecofeministas afirmam haver estreita ligação entre dominação das mulheres e dominação da natureza (Ruether, 2000, p. 11).

Essa relação entre dominação das mulheres e dominação da natureza acontece no nível simbólico-cultural e socioeconômico. A religião se insere nessa dinâmica da dominação ocidental, pois, especificamente a tradição cristã, exerceu papel determinante nos processos que inferiorizaram as mulheres e a natureza, por meio dos seus padrões simbólico-culturais (Ruether, 2000, p. 12). Diante desse quadro de dominação simbólico-cultural e socioeconômica, as ecofeministas vão afirmar que o relacionamento saudável entre os seres humanos e a terra exige nova espiritualidade e nova cultura simbólica. De igual modo, sugerem que os textos sagrados sobre a criação, o pecado, o mal e a destruição do mundo não foram interpretados de modo a enfocar positivamente a mulher e por isso devem ser relidos e reinterpretados.

É importante o aspecto salientado pelo ecofeminismo relativo à possibilidade de pensar numa vida de relações pessoais mais próximas da natureza e também mais em contato com os sonhos alimentados por diferentes grupos. O ecofeminismo se empenha em pensar uma teologia que tudo relaciona, que respeita e celebra a diversidade, as combinações, conforme está escrito: “Há diversidade de dons da graça, mas o Espírito é o mesmo” (1 Coríntios 12,4). A redução a uma única expressão implica o risco de matar a vida. Além disso, a biodiversidade ou pluralidade vai revelar que o cosmos, a Terra e todos os seres estão em processo, em constante desenvolvimento; é imperioso afirmar uma convivência em meio a tamanha diversificação. A unidade não deve ser pensada como sinônimo de perda de identidade, mas como afirmação dessa identidade (Gebara, 1997, p. 102).

Finalmente, a perspectiva ecofeminista não é fechada, mas aberta ao diálogo, tendo a mulher como interlocutora privilegiada. A articulação do feminismo para pensar a vida e a ecologia “nos abre não só para uma possibilidade real de igualdade entre mulheres e homens, de diferentes culturas, mas para um relacionamento diferente entre nós, com a Terra e com todo o cosmo” (Gebara, 1994, p. 69).

 

4. As comunidades de fé e a atual questão ecológica

 

Os movimentos atuais do Espírito são tão desafiadores para a teologia quanto a atual realidade ecológica. Diante disso, não é possível atender a esses desafios utilizando uma interpretação do tipo normativa. Uma centralidade do Espírito Santo na teologia cristã atual certamente muda o modo de elaborar a teologia e de ler seus temas clássicos, como a eclesiologia e a cristologia, que ocupam o lugar central na interpretação normativa. A teologia ocidental se moveu no interior de um eixo interpretativo eclesiológico-cristológico. Uma interpretação teológica que contemple um novo eixo, que deve emergir do diálogo com os movimentos do Espírito (das comunidades de fé cristã e suas práticas) e da realidade ecológica atual, é o que propomos e chamamos de pneumatológico-ecológica.

Há, em nosso continente, espetacular avanço do movimento carismático e do pentecostalismo, e não faltam interpretações com mediações da sociologia e da antropologia. Essas articulações socioantropológicas sugerem sempre interpretações que associam superprodução simbólica como compensação da real carência econômica na vida das pessoas crentes. A teologia se valeu muito dessa mediação para articular o seu discurso, como ato segundo dessas leituras socioantropológicas. Dessa forma, ela não teve condições de fazer uma leitura teológica desses novos movimentos e perceber sua dinâmica, a riqueza simbólica neles presente e as imagens de Deus que deles emergem. No entanto, foram esses movimentos do Espírito que deflagraram transformações importantes na teologia cristã: “com o ingresso das Igrejas ortodoxas em 1961 e o ingresso, mais tarde, de algumas Igrejas pentecostais no movimento ecumênico, é nesses dois terrenos que estão ocorrendo os avanços na pneumatologia” (Moltmann, 1998, p. 16). Isso ocorre de modo muito mais significativo na América Latina. O fato é que a teologia seguiu o rastro dessas interpretações socioantropológicas e repetiu a ênfase na eclesiologia e na cristologia. Tanto uma quanto outra foram determinantes para a rica e criativa reflexão teológica latino-americana.

Ora, privilegiar a cristologia e a eclesiologia na teologia do nosso continente significa dizer que houve grande preocupação em dialogar com a herança teológica em que prevaleceu o viés hermenêutico cristologia-eclesiologia na reflexão teológica libertadora. Dessa forma, as grandes inovações da teologia latino-americana se deram dentro desse eixo interpretativo. Não obstante a contribuição que a teologia da libertação ofereceu e ainda oferece, é preciso fazer essas constatações críticas quanto aos seus limites. Portanto, é preciso avançar, buscando uma imagem do Espírito Santo plausível para a realidade da América Latina, de tal maneira que a natureza também seja incluída nesse projeto de libertação, visto que o mundo moderno a destrói sem medida e os limites da ação do Espírito Santo não se esgotam no ser humano, mas se estendem a toda a criação.

 

5. Espírito e natureza: considerações finais

 

É interessante refletir sobre os aspectos da fé cristã e da vida na perspectiva da pneumatologia, partindo da experiência e da teologia do Espírito Santo. Partir da experiência significa ultrapassar os limites da teologia da Igreja, que é a “teologia dos pastores e dos padres” (Moltmann, 1998, p. 29). Partir da experiência, então, significa fazer “teologia de leigos”, e isso implica privilegiar e ampliar os espaços onde a vida se faz e se refaz, se produz e se reproduz, o que equivale a estender os espaços de comunhão com o Espírito.

A teologia se mostra atual quando vai além dos métodos que circunscrevem a ação do Espírito nos limitantes espaços eclesiásticos – porquanto enfatizam a relação entre pneumatologia e eclesiologia – ou entendem a ação do Espírito apenas como uma confirmação totalmente subjetiva do processo revelador objetivo de Jesus, à medida que sublinham a relação subserviente da pneumatologia para com a cristologia. Contudo, o Espírito vivificante sopra onde quer (João 3,8).

A teologia deve ser articulada de modo dialogal e inclusivo, atentando também para os problemas sociais, étnicos, políticos e ecológicos. Quando a teologia falar de salvação, deverá relacioná-la com a vida eterna e com a cura nesta vida oprimida, doente e pobre. Com isso, a salvação não deve significar instâncias separadas entre além e aquém. “‘Além’ e ‘aquém’ não mais são níveis diferentes do ser na terra e no céu, mas diferentes épocas do mundo do único processo de redenção. Os tempos presente e futuro estão imbricados um no outro pericoreticamente como antecipação e plenificação” (Moltmann, 2004, p. 205).

O outro elemento do eixo interpretativo que temos sugerido é a ecologia. A reflexão sobre Deus, e sobre tudo que a ele se relaciona, deve ser total, de tal modo que celebre a vida inteira (humana e não humana). O ser humano não é o dominador e o centro da criação, mas tem a tarefa de cuidar da criação, guardá-la (Gênesis 2,15) e desenvolver uma relação harmônica com a “mãe-terra (‘adamah)” (Reimer, 2006, p. 14). Por isso, insistimos que a teologia latino-americana não deve se esquivar dos problemas ecológicos, como se isso não fizesse parte de nossa realidade.

A história dos primeiros habitantes do nosso continente revela uma herança de relação de respeito à natureza que, de algum modo, precisa ser resgatada. Respeitar a criação é respeitar a vida. Não se podem negligenciar certos carismas no dia a dia do mundo, no movimento ecológico, nos processos de afirmação da vida. As questões ecológicas aqui estão ligadas à questão da qualidade da vida, particularmente dos seres mais frágeis e das pessoas mais pobres em suas precárias condições de existência. Por isso, a experiência carismática do Espírito de Deus não deve ser despolitizada, tampouco despolitizante, pois o Espírito Santo é fonte de energia, fonte da vida, de toda a vida.

Finalizamos aqui estas observações introdutórias sobre a preocupação principal da teologia hoje. O Espírito na vida das comunidades cristãs em nosso continente ocupa lugar central, e assim será nos próximos anos da história da Igreja. De igual modo, a questão ecológica se fará presente na reflexão teológica e também nas práticas de fé.

 

* Doutor em Teologia (PUC-Rio) e professor no Instituto Metodista Bennett (RJ).

BIBLIOGRAFIA

 

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