1. Introdução
Nos últimos tempos, a Igreja no Brasil tem procurado métodos[1] eficientes de evangelização para responder aos desafios do mundo moderno e pós-moderno[2]. No mesmo caminho, as dioceses e as comunidades paroquiais introduziram a reflexão sobre um planejamento mais participativo, apostaram na organização dos conselhos comunitários de pastoral, na expressão popular da fé, na linguagem encarnada na realidade, na interpretação bíblica missionária, nos espaços de formação, de articulação e em outros meios. O compromisso como sujeito eclesial envolve-me de forma cotidiana na ação pastoral e no processo de evangelização. Com o intuito de provocar-me, tento a sistematização de uma metodologia pastoral que venho aprendendo nas comunidades paroquiais desde 1990. Reler e elaborar a práxis[3] é desafio permanente para a qualificação do agente engajado em seu momento histórico.
As obras de Agenor Brighenti[4] e de Adailton Altoé[5] são esclarecedoras sobre a metodologia pastoral. A sistematização do primeiro, parte do pressuposto da crise eclesial, da confusão no planejamento pastoral e de sua falta na ação da Igreja. Diante das mudanças do mundo, faz-se necessário “reconstruir”, num processo lógico e racional, a ação pastoral. A reflexão do segundo valoriza o elemento empírico, as experiências e os sentimentos, constituindo uma contribuição para a ação pastoral. Contudo, as duas visões não dizem tudo de metodologia, pois os “modelos” de Igreja são diversificados e agregam múltiplas ações pastorais. Outro entendimento de método pastoral consiste em trabalhar a relação entre teoria e prática, pois ambas são fundamentais para a construção do processo. Além disso, planejamento pastoral requer contemplação da Palavra de Deus.
2. Metodologia pastoral
A construção da metodologia pastoral é caminho de perguntas e de respostas. Como ponto de partida, pergunta-se: “Quando a ação pastoral é eficaz? Como verificar sua eficácia na comunidade?”. Numa abordagem estatística, comprova-se o resultado usando uma estimativa, partindo de certo parâmetro como base de amostra. Contudo, comprovar a eficácia da ação na pastoral de forma estatística é quase improvável. Não há experiência de verificação do impacto de um projeto pastoral sobre determinada área. Há fragmentadas e personalizadas leituras socioeclesiais sobre a ação. Também não é possível reproduzir a afirmação do filósofo Descartes[6], a dúvida metodológica. O método eficaz questiona a fragmentação e a falta de processo da ação. A metodologia pastoral abre caminho de convergência entre o pensar e o agir e, com isso, a comunidade-Igreja manifesta a fé presente na vida cotidiana.
Se, no passado, o pensamento cristão-ocidental cedeu espaço à ideia de tolerância religiosa, hoje a experiência de Deus sem as “verdades doutrinárias” poderá assumir a lógica do mercado: a variação e a mutação cotidiana da fé. A propagação da fé utilitarista e fundamentalista[7] penetra em todas as classes, sendo capaz de romper com uma pedagogia pastoral que vise integrar as pessoas na comunidade-Igreja. Na pastoral, a metodologia é caminho de conjunto, de entrelaçamento de sujeitos e de planos articulados, provocando mudanças de comportamentos e de processos. Pensar a ação eclesial à luz de um processo faz caminhar o planejamento e a pedagogia pastoral, superando as lacunas entre fé e vida, pessoa e comunidade, Igreja e sociedade. A metodologia é meio de condução, mas a sustentação vem da Palavra de Jesus, valorizando o testemunho, o serviço e o anúncio da fé profética.
3. Olhando para Jesus mestre
A metodologia pastoral necessita de um parâmetro eficaz, Jesus e sua prática. Com o ponto de partida definido, pergunta-se: qual é o método de Jesus? Em Jesus, não há reprodução de métodos. Rejeitou os mestres da época, que fundamentavam a dominação política e a intolerância religiosa, e buscou inspiração em Deus Pai. Estabeleceu, na centralidade da missão, a vontade e a palavra do Pai (cf. Jo 10,25-39; 11,41; 14,6-21). Sua prática ilumina o modo de fazer pastoral.
Assim a Igreja cresce com a Palavra de Cristo. A metodologia eclesial é muito mais que um planejamento participativo das ações pastorais mediante o processo pedagógico da fé[8]. A metodologia como meio de condução desse processo acompanha a caminhada pastoral com base na proposta de Jesus. Nesse horizonte nascem as ações pastorais e, consequentemente, suas metodologias, possibilitando à comunidade de fé, por meio dos sujeitos eclesiais, construir sua caminhada com base no evangelho. A teorização pastoral busca ser um instrumento de ajuda no processo e realiza-se por intermédio de trabalhos comunitários e na participação coletiva, apontando para a utopia do novo céu e da nova terra (Ap 21,1)[9].
Oriundo da motivação eclesial “Ser Igreja no Novo Milênio”, o processo de planejamento participativo tornou-se um instrumental de aperfeiçoamento do modo de fazer pastoral[10]. O novo milênio trouxe a linguagem do recriar, do repensar o processo de evangelização com racionalidade e com ciência da necessidade de novos recursos de intervenção na realidade. A despeito de suas contribuições, o planejamento participativo tem seus limites, necessitando de permanente releitura e teorização[11] do modo de fazer pastoral. O verdadeiro caminho a percorrer é olhar a ação de Jesus nazareno.
4. Aprendendo com o mestre Jesus
O Evangelho de João 6,1-15 oferece um caminho de compreensão do processo metodológico de pastoral. Antes de entrar no texto, será preciso fazer alguns esclarecimentos: 1) salvaguardar que toda teoria metodológica é portadora de um pensamento e, portanto, mostra-se limitada, não absoluta. Não há neutralidade ideológica na ação e na ideia; 2) o processo não se reduz ao aspecto político de revelar-se mais democrático. As emergentes preocupações éticas e religiosas da sociedade[12] não se resolvem apenas com um diálogo democrático; 3) a caminhada exige postura eclesial e estratégias. O crescimento na caminhada será alcançado de acordo com o grau de fidelidade ao proposto; 4) cabe ao processo criar conscientização e qualificação do sujeito eclesial; 5) contudo, se se apostasse toda a eficiência da evangelização apenas no método, não haveria muitos avanços na ação da comunidade. Acredito que a teorização do processo de planejamento de pastoral poderá ser iluminado pela prática de Jesus Cristo.
Primeiro passo: sensibilidade e percepção da realidade. O pressuposto de um processo de evangelização é a percepção da realidade e da circunstância da comunidade. Sem compreensão da realidade não há processo pastoral. Jesus, no alto da montanha, olha atentamente para a realidade da multidão e interroga ao discípulo: “Felipe onde compraremos pão para que eles comam?” (Jo 6,4-5). O ponto de partida é estar entranhado na comunidade e enxergar suas necessidades. O Mestre enxerga[13] a problemática da comunidade e compreende a situação.
A realidade vista à luz do evangelho faz-nos perguntar sobre a situação da comunidade. A interrogação impele-nos a enxergar a realidade, sua complexidade e o potencial para planejar ações eficazes. Bom diagnóstico da situação propicia acertada ação pastoral. A metodologia de ação pastoral depende da capacidade de sentir e perceber os sinais e expressões de uma realidade concreta. Correto discernimento da realidade encaminha a pastoral para um processo de superação da fragmentação.
Segundo passo: corresponder ao ideal do evangelho. Com domínio de compreensão, Jesus põe à prova a leitura de Felipe: “Duzentos denários de pão não seriam suficientes para que cada um recebesse um pedaço” (Jo 6,6-7). O prognóstico do discípulo prendeu-se apenas a um aspecto tecnicista, matemático e abstrato. Sua resposta tornou-se insuficiente e contou com o auxílio de André, que também pensou na quantidade, na proporção e na exatidão: “Há um menino[14] que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos, mas que é isso para tantas pessoas?”.
Os discípulos estavam diante de nova realidade de complexidades, paradoxos e convergências. A confrontação de olhares será imprescindível para o caminhar. As constantes mudanças da realidade precisam de releituras e interpretações[15]. Os novos paradigmas políticos e culturais são capazes de contrapor as doutrinas teológicas e neutralizar a ação eclesial, acompanhando, por vezes, estruturas de dominação e assumindo comportamentos alienantes. Diante da superficialidade da resposta dos discípulos, Jesus mostrou-lhes outro passo, a força de quem acredita na sua Palavra.
Terceiro passo: uma ação pastoral planejada. Na imptoência e na pequenez, o diálogo é caminho de abertura para alcançar a fidelidade ao evangelho[16]. Jesus, de posse da compreensão da realidade e contando com a participação dos discípulos, indica a atitude a ser tomada: “Fazei que se acomodem” (Jo 6,10). A orientação do Mestre é iniciar pelo princípio, pela organização da comunidade. A estrutura de organização facilita um processo pastoral e aproveita os recursos existentes na comunidade. Não é a quantidade de recursos que fazem um planejamento pastoral responder à realidade, mas a forma de serem aproveitados. A organização do processo de ação eclesial coletiva exige partilha e abertura, vencendo a prepotência do tudo compreendido e esquematizado. A vida da comunidade é dinâmica capaz de superar as coisas preestabelecidas.
Quando a participação organiza a comunidade, há criatividade pastoral e corresponsabilidade no processo. Na multiplicação dos pães, o Mestre organiza uma equipe para acomodar, outra para repartir e mais uma para recolher a sobra. A ação pastoral planejada constrói a unidade e valoriza a pluralidade de conhecimentos e atividades. A orientação de Jesus saciou a todos e ainda fez sobrar alimento. Hoje podem estar sobrando recursos e pessoas que não foram convidadas a participar do processo. A ação planejada do Mestre continua o processo: “Recolhei os pedaços que sobraram para que nada se perca” (Jo 6,11-12). Numa caminhada eclesial, existem coisas que são prioridades, sem as quais o processo pode fracassar e não avançar para um próximo desafio.
Quarto passo: a ação planejada produz processo. A ação pastoral revela se há processo ou não na caminhada. Toda ação empreendida dentro de um processo conduz a comunidade no caminho do Mestre[17]. A multidão, vendo a ação de Jesus, reconheceu o sinal do reino de Deus presente e exclamou: “Esse é, verdadeiramente, o profeta que deve vir ao mundo” (Jo 6,14). Pelo testemunho pastoral da comunidade, torna-se visível a presença do Messias. Um processo pensado de ação pastoral torna a comunidade evangelizadora. Onde todos pensam como sujeitos eclesiais não há centralização do poder, do saber, do fazer e do ser, a exemplo do que fez Jesus: “Quando percebeu que iam pegá-lo para fazê-lo rei, então se retirou sozinho de novo para a montanha”. A presença de Jesus não produz dependência, mas liberdade para caminhar. Uma ação eclesial em contínuo processo torna a comunidade protagonista da caminhada.
Seguindo o exemplo de Jesus, que buscou outros lugares, será pertinente à vida eclesial caminhar em um processo que favoreça a troca de olhar e de atitude. O planejamento da ação pastoral na dinâmica do processo supera a “pastoral de manutenção” e a monotonia da caminhada. A evangelização da pessoa e da comunidade é um processo de construção permanente em conformidade sempre com a seguinte atitude: “Ide, pois, fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os e ensinando-os a observar tudo quanto vos mandei” (Mt 28,19s). O planejamento conduzido por um processo de caminhada segue o Mestre e descobre novos campos de ação eclesial.
Quinto passo: vocação para a oração e a ação. Nenhuma metodologia de pastoral é eficaz se não nasce da mística da oração e do apostolado. Ela deve nascer da contemplação da vontade divina. Centrar-se na Palavra de Deus leva a comunidade ao testemunho profético. No entender de são Francisco de Assis, a oração é o sustento da missão. A vida de oração é imbuída do espírito apostólico[18]. Uma evangelização eficaz alimenta-se na pessoa e na comunidade que vivem a radicalidade da Palavra de Cristo. Quando o processo pastoral assume a prática de Jesus Cristo, superam-se limitações de todas as ordens. O conhecimento adquirido e a técnica aprendida, quando conjugados ao espírito de oração e de apostolado, tornam a caminhada um processo desenvolvido com segurança em todas as suas etapas e fazem da metodologia pastoral apenas um instrumento que permite compreender os próximos passos a ser dados. Para o filósofo francês Michel Foucault, o método “é a exposição do olhar que se esforça por deixar de ser olhar para atingir a coisa com a palavra disponível”[19]. O método[20] constitui um instrumento de investigação que possibilita um diagnóstico do que vivemos, do que somos, do que deixamos de ser, do modo como inventamos a nós mesmos e os nossos projetos. Teoria e método são fundamentais quando nos conduzem ao valor maior: seguir de forma radical a prática de Jesus Cristo.
5. Conclusão: Caminhar numa perspectiva em que a pastoral seja adequada às finalidades
Um princípio do plano de pastoral é a continuidade. O adiamento do plano ficou para trás. Faz-nos lembrar que, como o plano é uma sequência programada de atividades anteriores e posteriores, estas fatalmente afetam umas às outras. O plano inteiro tem certa unidade, um tema motivador. Não há, por assim dizer, uma função de utilidade separada para cada período. Não apenas os efeitos de um período sobre o outro devem ser levados em conta, mas variações substanciais de altos e baixos devem ser evitadas.
Outro princípio do plano de pastoral é que devemos considerar as vantagens de expectativas ascendentes ou pelo menos não significativamente descendentes. Há vários estágios na vida, cada um, idealmente, com suas próprias tarefas e prazeres característicos. Em circunstâncias iguais, devemos ordenar as coisas nos primeiros estágios, de modo que permitam uma vida feliz nos estágios posteriores. Parece que geralmente se devem preferir, ao longo do tempo, as expectativas ascendentes.
Os princípios de um plano de pastoral estão relacionados com o bem da pessoa e da instituição, a comunidade-Igreja. Em resumo, o bem da caminhada é determinado pelo plano de evangelização que adotamos com plena racionalidade deliberativa. Se o futuro fosse passível de previsão, seria imaginado com precisão. Nesse sentido é que as questões pastorais aqui discutidas precisam estar ligadas a um substrato racional. O plano de pastoral é esse instrumental a enfatizar que as questões selecionadas promovem condições satisfatórias para o plano de Deus. Quando surge a questão de saber se fazer algo está de acordo com o plano de Deus, a resposta depende da eficiência com que nossa ação se adapta ao plano.
Importante princípio do plano de pastoral é que, ao realizá-lo, o indivíduo não mude de ideia, passando a desejar que tivesse agido de modo diferente. Uma caminhada não deve sentir uma aversão tão grande pelas consequências previstas a ponto de lamentar o fato de ter seguido o plano adotado. A ausência desse tipo de arrependimento revela a consciência de que a comunidade deve agir de modo que nunca precise culpar-se, independentemente do resultado final de seus planos. Uma caminhada não lamenta sua escolha, pelo menos não no sentido de, mais tarde, acreditar que, naquele momento, teria sido mais racional proceder de outra maneira.
Um princípio final do planejamento pastoral é a responsabilidade para com o “eu” e para com o “nós”. As motivações pastorais da Igreja no Brasil e das dioceses são diferentes ao longo do tempo e devem ser ajustadas de modo que, em cada época, o “eu” individual e o “nós” coletivo possam ratificar o plano que esteve e está sendo seguido. A pessoa de uma época, por assim dizer, não deve poder queixar-se das ações de alguém de outra época. Sem dúvida, um planejamento pastoral não exclui a tolerância, mas deve ser aceitável, tendo em vista o bem esperado ou atingido. Uma caminhada pastoral não tem como objetivo o planejar e o calcular frenéticos, mas oferecer o bem para a pessoa, ou seja, um caminho para a salvação.
BIBLIOGRAFIA
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SUSIN, Luís Carlos. Sarça ardente: teologia na América Latina – prospectivas. São Paulo: Paulinas, 2000.
[1] A palavra método vem do grego méthodos, “caminho para chegar a um fim” ou ainda: “1) Caminho pelo qual se atinge um objetivo. 2) Programa que regula previamente uma série de operações que se devem realizar, apontando erros evitáveis, em vista de um resultado determinado. 3) Processo ou técnica de ensino: método direto. 4) Modo de proceder, maneira de agir: meio. 5) Prudência, circunspeção; modo judicioso de proceder; ordem”. Cf. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio século XXI: dicionário de língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999, p. 1.328.
[2] “O termo pós-moderno, como conceito epocal da história mundial, aparece por primeiro na crise cultural da Primeira Guerra Mundial, em seguimento a Friedrich Nietzsche, o aguçado crítico da modernidade. Arnold Toynbee utiliza este conceito em 1974 em relação à época contemporânea da cultura ocidental, que para ele já começa até antes da Primeira Guerra Mundial com a transição da política nacionalista para a interação global. Depois de Toynbee, este conceito é aceito por cientistas da literatura e por arquitetos americanos, agora, contudo, com um sentido bem mais restrito e com bem menos fôlego.” Cf. KÜNG, Hans. Projeto de ética mundial: uma moral ecumênica em vista da sobrevivência humana. São Paulo: Paulinas, 1993, p. 189.
[3] A filosofia marxista compreende o termo práxis como um conjunto de atividades que cria certas condições indispensáveis para a existência da sociedade, ou seja, uma ação material, uma produção, uma prática.
[4] BRIGHENTI, Agenor. Reconstruindo a esperança: como planejar a ação da Igreja em tempos de mudança. São Paulo, Paulus, 2000.
[5] ALTOÉ, Adailton. A arte de caminhar: metodologia pastoral. São Paulo: Paulus, 2000.
[6] René Descartes (1596-1650) foi o fundador da filosofia moderna, tanto do ponto de vista das temáticas como do ponto de vista da proposição metodológica. Alfred N. Whitehead escreveu que “a história da filosofia moderna é a história do desenvolvimento do cartesianismo em seu duplo aspecto, de idealismo e de mecanicismo”. Cf. REALE, G.; ANTISERI, D. História da Filosofia. 6ª ed. Paulus: São Paulo, 2003, p. 348. v. II.
[7] Refiro-me às inúmeras Igrejas em que a liberdade religiosa moderna proporcionou o surgimento desse tipo de fé, na sua maior parte carente de conteúdo e de doutrina teológica, sustentando-se pela credulidade do praticante e por sua incapacidade de discernimento.
[8] Um processo pedagógico obedece a um conjunto de princípios e instruções que tendem a construir um objetivo claro. O planejamento pastoral é conduzido por um princípio pedagógico (processo ou técnica) para efetivar a caminhada ou a determinação dos meios mais eficientes para alcançar o ideal proposto.
[9] O texto do Apocalipse de João aponta para a realização da história na aliança de Deus com a humanidade.
[10] Segundo o teólogo Agenor Brighenti, “a originalidade do método participativo está em partir da ação para novamente desembarcar na ação, privilegiando, entretanto, o processo participativo em relação aos resultados”. Cf. BRIGHENTI, A. Reconstruindo a esperança. São Paulo: Paulus, 2000, p. 62.
[11] Há necessidade de um permanente exercício dialético de tese, antítese e síntese da ação pastoral e de sua teorização.
[12] Temas emergentes na ação eclesial: diálogo inter-religioso, responsabilidade ecoglobal, ética mundial, bioética, moral ecumênica de sensibilidade macroecumênica, espiritualidade de solidariedade e sensibilidade com o diferente, para modelos eclesiais mais democráticos e de ministerialidade, de compreensão mais dialética da realidade e não baseada em um idealismo absoluto.
[13] O processo não pode originar-se do abstrato, do científico e do técnico, mas deve ser fomentado pela caminhada.
[14] O menino pode ser compreendido como uma figura simbólica. No sentido bíblico, ele representa a despretensão ao poder, ao ter e ao ser. Representa alguém aberto para partilhar e repartir. Nesse contexto, os pães e os peixes são as coisas mais comuns e elementares para a sobrevivência da humanidade. Não podemos reter para nós mesmos seja o saber, o ter ou a oportunidade de fazer.
[15] A ação pastoral precisa assessorar-se de outras ciências humanas, articuladas na relação transdisciplinar e de interdependência.
[16] As políticas e as estratégias devem ser claras e precisas; discutidas, estudadas e assumidas comunitariamente. “Quando uma organização tem claramente fixadas suas políticas e estratégicas, reduz, em alta porcentagem, as tensões e conflitos entre seus integrantes”. BRIGHENTI, A. Metodologia para um processo de planejamento participativo. São Paulo: Paulinas, 1988, p. 45.
[17] CNBB. Queremos ver Jesus caminho, verdade e vida: Projeto Nacional de Evangelização (2004-2007). Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, 2003.
[18] Cf. CCB. Constituições da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. São Paulo: Piracicaba: Centro Franciscano de Espiritualidade, 1997, nº 13, p. 32.
[19] Cf. a obra de Michel Foucault A arqueologia do saber (1969), que trata da atenção ao objeto da investigação que faz falar o método. Conferir ainda a obra As palavras e as coisas, que trata da experiência nua da ordem ou a experiência que fará a diferença no uso da linguagem.
[20] Método pode ser compreendido como meta, caminho e até mesmo logos, no sentido do espírito da atividade ou ação que precisa ser pensada ou ainda planejada.
Frei Miguel Debiasi