Publicado em novembro-dezembro de 2015 - ano 56 - número 306
Comunicação e paróquia: alguns pontos básicos e concretos
Por Helena Ribeiro Crépin / Natividade Pereira, fsp
Com relação à comunicação na Igreja, corre-se o risco de focar demais nos ideais elevados e esquecer coisas básicas e concretas. Este artigo aborda elementos básicos, fundamentais para a comunicação na paróquia, os quais, não obstante sua importância, às vezes ficam relegados a segundo plano: a sonorização das igrejas; a iluminação e a introspecção; a comunicação na secretaria paroquial; os leitores e a música na liturgia.
- Paróquia: espaço sagrado de comunicação da fé
A palavra “paróquia” vem do substantivo grego paroikía e do verbo paroikêin, que significa viver juntos, ou ao redor da casa. Até o século IV, não existiam paróquias, apenas as catedrais, que ficavam nas grandes cidades, porque o cristianismo era essencialmente um fenômeno urbano. A catedral era administrada pelo bispo, auxiliado por sua equipe de padres, que pregavam, celebravam e administravam os sacramentos. A partir do século V, com a oficialização do cristianismo como religião do império romano, surgiu a necessidade de descentralização. Em razão das distâncias geográficas e do crescimento do número de cristãos, foram marcados territórios, nas aldeias e cidades menores, para cada padre exercer o seu ministério, os quais ganharam o nome de paróquias.
A paróquia é uma célula da Igreja de Jesus Cristo e precisa de cuidados e criatividade para não morrer solitária. Com a mudança de época, a partir do Concílio Vaticano II, surgiram a necessidade de renovação e vários documentos sobre a vida paroquial, sempre buscando responder às exigências dos tempos. Antes catolicismo e cultura, espaço geográfico e espaço de fé estavam unidos e sem maiores problemas para a vida eclesial, mas hoje estamos em crise comunitária. Nosso modelo paroquial é bimilenar, respondeu por séculos às necessidades dos fiéis no seu contexto rural, mas a situação mudou e o sistema paroquial permaneceu. Por isso precisamos urgentemente sair do modelo estático de evangelização.
Para a renovação da paróquia e o bom desenvolvimento de sua comunicação, é fundamental, primeiro, ter presente que o pároco não é a paróquia – ambos têm identidades diferentes –, mas um depende do outro. A paróquia não pode se transformar na projeção do ego do padre. Comunicação é criar comunhão e participação entre todos.
Com o avanço das novas tecnologias e da informática, a paróquia precisa usar formas mais modernas para chegar aos jovens e às famílias. Precisa organizar a Pastoral da Comunicação, para promover melhor comunicação interna da Igreja, também por meio das redes sociais, fazendo suas atividades gerar notícias para as demais pastorais e para as pessoas que não frequentam o ambiente da igreja-templo.
Na Igreja, sobretudo a partir do papa Pio XII, em 1957, procurou-se organizar a comunicação interna e com a sociedade. Mas somente a partir do Concílio Vaticano II é que foi exigida das conferências episcopais e dioceses a criação urgente de um plano de pastoral da comunicação. No Brasil, a CNBB criou a Pascom – Pastoral da Comunicação, organizada em âmbito regional nas dioceses, paróquias e comunidades. A Pascom oferece formação, assessoria técnica e pastoral, com laboratórios e cursos. O objetivo é contribuir para a comunicação na paróquia. É importante lembrar que toda a paróquia e todas as suas atividades são comunicação, e não apenas o que é específico da Pascom. Sabemos o caminho para a renovação da paróquia; ele já está apontado nos documentos. Difícil é pôr em prática. Ainda nos falta aquele ardor missionário que exige conversão, mudança de postura e mentalidade, saída da zona de conforto.
Ao longo dos anos e sobretudo depois do Concílio Vaticano II, a Igreja e grande parte dos seus membros têm feito muitas reflexões, estabelecido princípios e prioridades, chamado à ação no campo da comunicação eclesial; diversos documentos importantes a respeito têm sido publicados. São necessárias atenção, disposição e iniciativas concretas para usufruir desses documentos e princípios, para pô-los em prática concretamente no dia a dia das paróquias e comunidades. Corremos o risco de ficar nos ideais elevados e esquecer coisas fundamentais, básicas e concretas da comunicação com os fiéis e com o público em geral. Neste artigo nos concentramos em elementos assim, básicos, fundamentais para a comunicação na Igreja, os quais, não obstante sua importância, às vezes ficam relegados a segundo plano: a sonorização das igrejas; a iluminação e a introspecção; a comunicação na secretaria paroquial; os leitores, a música e a liturgia.
- A sonorização das igrejas
Podemos nos perguntar: como é que Jesus conseguia se comunicar com uma multidão sem sistema sonoro, sem o microfone? Certamente, ao sentar-se numa barca, por exemplo às margens do lago de Genesaré, suas palavras alcançavam melhor os ouvintes (cf. Lc 5,1-11). As palavras que proferia em montanhas ou lugares elevados também se serviam do ambiente para serem ouvidas. Faça a experiência: sente-se numa cadeira na praia e comece a ouvir as conversas descontraídas de quem está na água. Ou, estando próximo a uma montanha, escute a nitidez da fala de quem está em posição mais alta. Pelos cenários do evangelho, percebe-se que, certamente, Jesus tinha boas noções da acústica do planeta Terra.
Estudando a evolução da engenharia, sabe-se que, nas construções do império greco-romano, se usava muito o semicírculo, evidência da descoberta de que o som reflete melhor de baixo para cima, atuando com a acústica própria da natureza. Durante a Idade Média, a preocupação maior era na hora de construir o púlpito: uma pequena varanda ou balcão que dava para a nave da igreja, bem à vista dos fiéis, de onde falava o orador. Este, dotado de uma pequena ou média voz, mas sempre preparada e projetada com força na direção da assembleia, conseguia fazer-se ouvir, beneficiando-se também da localização física do púlpito, situado num lugar elevado. Se, obedecendo às leis da física, o som vai para cima, como se fazia nesse caso, em que a assembleia ficava embaixo? Muito simples: a voz reverberava no teto, nas colunas e chegava à assembleia com atraso, mas chegava.
Vale ressaltar que a sonorização é um elemento litúrgico articulador, pois, sem ouvir a Palavra, a homilia, as orações e o canto litúrgico adequadamente, as pessoas saem da igreja mais ou menos como entraram ou até ensurdecidas pela parafernália de barulhos similares aos que já enfrentam no cotidiano. Quando vão à igreja, deparam com algumas dificuldades, como ruídos, chiados, som reverberante, microfonia, além de gente mal preparada para proclamar as leituras. Somando tudo isso, às vezes a celebração se torna um sacrifício (distinto do de Jesus!) tanto para o presidente como para a assembleia, que não consegue celebrar tranquilamente e tem de suportar os ruídos na comunicação. Hoje em dia está em voga a palavra comunicação em todos os setores da Igreja, no entanto a aplicação prática do conceito não é tão frequente, pois muitas vezes nem sequer se ouvem as leituras e a homilia do padre.
A inteligibilidade da fala sempre foi um dos maiores desafios para designers de sistema de som que lidam com espaços reverberantes. O mau conhecimento das tecnologias usadas nas caixas acústicas é a maior fonte de insatisfação na sonorização, pois uma onda sonora sem direcionamento adequado vai entrar em conflito com a arquitetura, provocando aquele efeito de eco ou de reverberação, cuja ação deixa a voz ininteligível, embora ofereça volume à musica. Consequentemente, a primeira exigência dos párocos deve ser a prioridade da voz para poder transmitir as leituras, as orações, a homilia, evitando o volume musical ensurdecedor típico das casas de shows.
Para resolver o problema da deficiência na escuta do que é pronunciado e cantado na liturgia ou do incômodo com o excesso de barulho, sons, reverberação, volume além do necessário, têm surgido novas tecnologias que, se usadas adequadamente, conseguem dar boa resposta ao desafio, possibilitando a transmissão de um som claro e inteligível em ambientes que pareciam totalmente avessos a qualquer solução.
Além da tecnologia, é importante, para atingir melhor qualidade sonora em ambientes muito reverberantes, fazer tratamento acústico nos espaços, quando necessário. Igrejas grandes, com arquitetura de teto alto, com muito granito, vidros, azulejos, paredes lisas, sem pintura, sem madeira, são o ambiente perfeito para a reverberação, inimigo número um da inteligibilidade sonora. Quanto mais liso e grande for um templo, maior a probabilidade de o som reverberar, o que provoca atraso na chegada da voz aos nossos ouvidos, ficando, assim, um som misturado, incompreensível. Geralmente isso acontece porque o som sai de um alto-falante comum grande, em geral mal posicionado – fórmula perfeita para que o som passeie no ambiente antes de chegar aos ouvidos dos fiéis. O som reverbera porque ricocheteia no espaço, muitas vezes em razão de superfícies duras e reflexivas e também de caixas acústicas de má qualidade. Percebe-se um desconhecimento sobre isso da parte de engenheiros ou arquitetos, pois o processo de construção evoluiu sem pensar na sonorização, tratada como um dos últimos elementos do planejamento. E corrigir custa mais caro do que pensar junto, no momento da construção ou reforma, qual o arranjo ideal para a sonorização do ambiente sagrado.
O ricochetear do som provém de sua refletividade sobre as superfícies. Se combinadas, essas refletividades geram um ambiente extremamente barulhento no qual fica difícil compreender as palavras faladas. Todos já tivemos essa experiência em igrejas, salões de festas ou outros ambientes em que o resultado é semelhante. Um exemplo também bastante corriqueiro são os aeroportos, um dos tipos de ambientes mais reverberantes que existem. Neles as caixas acústicas, normalmente presas no teto como arandelas, lançam os feixes de som que, atingindo o chão, são jogados novamente para o alto pelo granito. O som desliza e ricocheteia, dificultando a compreensão das palavras. Existem hoje aeroportos que estão modernizando o sistema de som a fim de torná-lo adequado para a audição; é o caso dos de Abu Dhabi, Nova York, Boston, Paris, Londres e o maior aeroporto da América Latina, o de Guarulhos, em seu mais novo terminal internacional.
A chave de êxito das novas tecnologias é a capacidade de fazer o som sair direto de caixas adequadas e bem posicionadas. O som sai como um tiro a laser até alcançar seu alvo, os ouvidos das pessoas presentes na assembleia. Ele é formatado como feixes de luz direcionados e focados, sendo enviado diretamente para os ouvintes quase livre de reverberações, independentemente da medida da altura da nave ou de seu poder de reverberação.
Alto-falantes tradicionais produzem sons que, na maior parte das vezes, se dirigem ao ouvinte, mas também vazam para outras direções. Esse som é inútil e indesejável, torna-se fonte de barulho e reverberação e piora à medida que a pessoa se distancia dele. Para resolver essa questão, a única solução vinha sendo a colocação de várias caixas acústicas próximas e direcionadas, não obstante a consequente perda estética. Com o avançar da tecnologia, porém, foram desenvolvidos sistemas tecnológicos modernos que empregam a física natural para formar o som com um número menor de caixas acústicas e proporcionar audição inteligível, além de incumbirem a harmonização a um sistema central, à parte do sistema da música. É hoje a melhor adequação em termos de custo-benefício.
Houve uma evolução considerável nas tecnologias necessárias à boa sonorização e transmissão da voz, com destaque para a tecnologia line array, patenteada na Europa em 1957, que apresentou uma evolução com relação à fabricação e ao modo de gestão dos alto-falantes, contando com três linhas principais de caixas acústicas: linha analógica (a mais antiga); linha semidigital, sistema processado ao nível da caixa; linha digital (a última tecnologia). As três linhas têm em comum o fato de que a onda sonora saída do alto-falante é direcionada em linha reta, ao contrário dos alto-falantes convencionais, cuja onda sai em círculo ou em forma esférica, batendo em todas as direções e criando eco e reverberação nas paredes, no teto e no chão.
A diferença entre uma linha analógica e uma linha digital verdadeira é que uma coluna de linha digital é composta de alto-falantes guiados cada um por um processador. Isso permite direcionar em três direções a onda sonora, focalizando até as zonas restritas de uma nave e proporcionando assim inteligibilidade de alta qualidade, além da redução da quantidade de caixas. Essa solução permite, no interior da maioria das igrejas, a boa transmissão da voz, deixando apenas a reverberação arquitetural influir em parte sobre a inteligibilidade. A linha analógica permite uma qualidade satisfatória na inteligibilidade da voz, mas com certa fraqueza na transmissão da música, priorizando as frequências de voz com um alcance inferior. Dessa forma, será necessário maior número de pontos repartidos na igreja, o que exige mais frequente manutenção.
Já faz um ano que, no Brasil, é possível encontrar soluções intermediárias usando as caixas semidigitais, cujas possibilidades garantem a transmissão equilibrada entre voz e música. Essas novas caixas são, na maioria, importadas. São consideradas semidigitais pelo fato de terem condição de modificar de forma eletrônica a faixa sonora, interferindo tanto na largura quanto no alcance da faixa.
Um dos problemas maiores encontrados na sonorização das igrejas é o desconhecimento das técnicas adequadas por parte dos numerosos responsáveis: a tecnologia line array, a única que reconhecidamente resolve o problema da inteligibilidade, é muitas vezes mesclada, de forma inadequada, com sistemas em coluna cujos alto-falantes não respondem aos critérios de transmissão vertical e horizontal exigidos pela tecnologia.
Não é porque uma comunidade é pobre que não pode ter um som de qualidade. Hoje existem soluções para cada uma; de toda forma, muitas vezes é melhor não fazer nada do que instalar o sistema de som recomendado por uma pessoa sem experiência ou sem o respaldo de profissionais em instalações nas igrejas. Muitas vezes se constata que as igrejas direcionam recursos para um piso de granito ou para outras coisas de menor prioridade e deixam a sonorização como um investimento secundário.
- Iluminação e introspecção
Outro grande desafio nas igrejas é a iluminação, que implica a renovação da parte elétrica, sem a qual não se pode ir adiante nesse aspecto. Uma iluminação ambiente para um espaço sagrado precisa proporcionar claridade na medida certa. Uma igreja escura pede iluminação correta para valorizar a arquitetura, os objetos sagrados. Uma igreja extremamente clara pode tirar do ambiente a sutileza da introspecção, tão importante para a concentração na oração. Um momento orante pede uma luz que provoque leve adormecer dos sentidos, para que se experimente olhar para dentro, se inspire e expire profundamente no ritmo da serenidade. Num país tropical como o Brasil, as pessoas estão mais habituadas a estar “do lado de fora” – existe certa dificuldade no “estar dentro de si mesmas”; com isso, o ambiente, a luminosidade nos orienta no caminho da volta ao centro do coração, para ali encontrarmos o sagrado!
- Comunicação na secretaria paroquial
A boa comunicação e o atendimento são a base da fidelidade de uma comunidade participativa. O maestro é quem dá a batuta a sua orquestra. Neste caso, o pároco e o vigário são os regentes da orquestra, na qual a batuta sempre direcionará e harmonizará a equipe por meio da secretaria paroquial.
O atendimento na secretaria reflete o rosto da paróquia. Poderíamos afirmar que é considerado o cartão de visita, e a(o) secretária(o) atua de modo importante nisso. Em sua atuação, destacam-se todos os elementos vitais de comunicação, como expressão corporal e tom de voz, e o que for transmitido terá implicações para a imagem da paróquia, do pároco, da igreja local e universal. Num mundo em que tudo tem importância e ao mesmo tempo a subjetividade interpela os valores, cada detalhe da secretaria vai refletir na visão pessoal formada pelo paroquiano ou visitante e contribuirá ou não para sua identificação, seja com o atendente, seja com o ambiente, que deve ser bem cuidado, sem ostentar luxo, mas ter dignidade, conforto e sobriedade.
Caso a secretaria exerça seu papel burocrático sem uma proximidade, sem uma comunhão que proporcione a cultura do encontro, o trabalho fica vazio e difícil de ser entendido e aceito. Comunicar as normas, as leis, envolve o como falar, e nem sempre é fácil pôr em prática as orientações da Igreja, ainda mais no momento atual da história em que se tende a questionar, a criticar cada vez mais, e em que as pessoas criam resistência se as regras e orientações são apresentadas apenas como imposição. Já com bom senso, docilidade e espiritualidade, a comunicação fluirá, levando àquele para quem o espaço paroquial existe: Jesus Cristo.
Ser secretária(o) exige, acima de tudo, muito bom senso, pois até mesmo a convivência com um sacerdote requer maturidade cristã, para respeitar seus limites e valorizar seus dons, sem blindá-lo, deixando-o exercer seu ministério de atendimento às pessoas, mesmo que existam perigos, golpes. O padre é o pastor que conduz uma comunidade e, assim como um pai, precisa atender seus filhos.
O atendimento telefônico e pessoal perpassa o profissional, mas sem se deixar perder nas muitas necessidades de pessoas carentes, difíceis, controladoras. A rotina de abrir e fechar a secretaria com um atendimento humanizado e, sobretudo, a discrição sobre a vida pessoal do sacerdote e dos demais paroquianos devem estar acima das dificuldades pessoais. O cuidado com a discrição é fundamental, sim, pois é comum que, antes de falar com o padre, as pessoas contem a sua vida na secretaria, uma vez que esse espaço, para elas, é também extensão do sagrado.
Na secretaria têm lugar situações que nos fazem refletir sobre a liderança e os seus liderados, afinal nela é possível observar a multiplicidade de posturas e ações que precisam estar em sintonia com as orientações da Igreja local e universal.
Um espaço simples não quer dizer simplório; uma veste simples não precisa parecer descuidada; um espaço antigo ou novo exige cuidado como patrimônio da comunidade, a exemplo do que dizia o bem-aventurado padre Tiago Alberione, fundador da Família Paulina: “Ser pobre é cuidar bem do que se tem, para manter e durar”. Em algumas igrejas, a secretaria parece verdadeiro depósito de objetos e de tudo aquilo que não se sabe onde armazenar. É preferível dar-lhes outra destinação, pois o espaço sagrado e suas atenções merecem extremo cuidado e zelo.
Não é compreensível que, em igrejas onde se fazem tantos casamentos com muita ornamentação, nem sequer uma flor seja colocada sobre a mesa da recepção. O zelo, a atenção aos detalhes fazem um bom secretário(a); tem de ser adequado não somente na parte burocrática, mas também na parte estética, com senso ecológico, pessoal e do ambiente em que trabalha. Deve propiciar que a comunicação com os visitantes seja a mais harmoniosa possível. Secretários e secretárias precisariam saber que a comunicação, conforme certo estudo, é 70% corporal, 35% auditiva e 7% verbal: 70% da comunicação está relacionada ao modo como a pessoa se mostra, à sua postura, suas vestes, cuidados pessoais, entre eles cabelos, unhas etc.; 35%, ao que ouvimos – o tom de voz, o timbre (o uso do telefone, muitas vezes, provoca mais problemas do que os existentes de fato, pois nele a única referência é a voz, que transmite emoção, atenção ou indiferença); e 7%, à nossa memória do que foi falado. Pelo fato de não memorizarmos com facilidade, um aviso, após a comunhão, deveria sempre ser repetido. Como nos lembrar posteriormente de um aviso a nós dirigido por meio da fala quando estamos recém-saídos de um estado de concentração pós-comunhão? Temos dificuldade para memorizar a fala. Por isso é tão importante ler e ouvir a leitura.
- Leitores
A formação de leitores é vital. Convidar novas pessoas da comunidade é importante, mas não sem antes pedir que a pessoa leia um trecho da leitura. É bom levá-la ao ambão, antes da celebração, para saber o melhor posicionamento do microfone. É comum e agonizante ouvir leitores que não impõem a voz ao falar ao microfone; parecem estar em confidência com um amigo. Uma boa leitura pede preparação e impostação da voz e conhecimento de microfone: não falar nem perto nem longe e ter o bom senso de se aproximar ou se afastar conforme a necessidade.
Muitas vezes, pessoas extremamente gentis e generosas presentes nas várias pastorais não estão aptas para a leitura. Sua dificuldade de fala se torna dificuldade de todos. Cabe ao sacerdote, com amorosidade e coragem, fazer essa formação e acompanhar aqueles que fazem leitura, juntamente com a equipe de liturgia.
- Música e liturgia
A música na igreja vive um momento de dificuldade. A busca pelo equilíbrio musical, entre volume e harmonia, é um desafio para a comunidade. O pároco, no papel de administrador de relacionamentos, inúmeras vezes se sentirá entre a cruz e a espada. Onde não existem grupos, a questão é mais séria e motiva a busca de músicos voluntários ou profissionais – estes, em teoria, mais facilmente administrados pelo pároco, que, por outro lado, deverá despender recursos para mantê-los.
A música na liturgia é um ponto muito importante da comunicação nas paróquias e precisa ser muito bem cuidada, atentando para a escolha das letras e músicas adequadas ao tempo e ao dia litúrgico, para a qualidade da sonorização, para a preocupação de não escolher apenas cantos que ninguém saiba cantar ou apenas cantos antigos demais, para o conteúdo e espiritualidade transmitidos pela música, para a preparação das equipes.
A falta de preparação nessa área deixa algumas pessoas vulneráveis ao crescimento do ego. Nosso ego é aquela “pessoinha” que habita em nós e muitas vezes é despertada quando há um instrumento musical em mãos. Basta um cantinho na igreja que substitua o palco dos sonhos imaginários.
Nas faculdades de música, existe uma disciplina que se chama Dinâmica Musical, na qual se ensina ao grupo que tocar bem não é tocar alto; cantar bem não é cantar gritado e acima do limite permitido. Nossos ouvidos possuem um limite para a captação do som. O volume é medido em decibéis, e, de acordo com a legislação brasileira, o volume máximo ao qual uma pessoa pode ser exposta em nível aceitável é de aproximadamente 80 decibéis. É notório que cerca de 20% da população brasileira ouve um pequeno zumbido em um ou nos dois ouvidos. A ciência prova que o zumbido é um dos principais sintomas do início do processo de perda de audição, e cerca de 30% das perdas de audição são creditadas à exposição a sons intensos, acima dos limites estabelecidos pela medicina.
Outro desafio é a qualidade do sistema de sonorização na igreja, que seja também adequado aos músicos e forneça equilíbrio entre palavra e música, como já mencionado anteriormente. Uma solução é situar o sistema para a música separadamente, mas fazendo parte do sistema central. É necessário preparar algumas pessoas, no máximo três, para cuidar do som na ausência de um profissional; que saibam, por exemplo, que uma irritante microfonia pode ser dissipada com a diminuição de volume. Pessoas não preparadas para gerir o som podem causar muitos problemas, entre os quais a escolha de equipamentos inadequados ou que virão a ter custos maiores do que algo bem planejado.
Enfim, comunicar Jesus hoje envolve toda forma de comunicação antropológica e tecnológica, sofisticada ou simples, nos areópagos do mundo e das paróquias.
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Helena Ribeiro Crépin / Natividade Pereira, fsp
Helena Ribeiro Crépin é formada em Comunicação pela PUC-SP. Voluntária nas dioceses para a formação de atendimento na secretaria paroquial, é também cofundadora da empresa Ribeiro Comunicação. Especializada em sonorização, especialmente de igrejas católicas. E-mail: [email protected] / Site: www.ribeirocomunicacao.com.br
Natividade Pereira pertence à Congregação das Irmãs Paulinas e está voltando de missão de dois anos nos EUA. É artista plástica, graduada em Filosofia e mestra em Ciências da Religião pela PUC-SP. E-mail: [email protected]