Publicado em número 201 - (pp. 13-20)
Sete recados do Espirito Santo aos cristãos de hoje
Por Pe. Alberto Antoniazzi
Todos sabem que o último livro do Novo Testamento, livro da Revelação ou Apocalipse, inicia com sete cartas, advertências proféticas, que João envia às Igrejas da Ásia em nome do Senhor Jesus (cf. Ap 1-3).
Será possível discernir sete cartas ou “recados” que o Espírito Santo envia hoje às nossas Igrejas?[1] Há recados que me parecem bastante evidentes. Há pedidos de mudança ou conversão que os cristãos de hoje devem escutar. A não ser que queiram acabar “vomitados” da boca do Senhor (cf. Ap 3,16), em vez de sentar com ele no trono dos vencedores (Ap 3,21).
Naturalmente, o que vou escrever é apenas um exercício de discernimento e um convite a que outros façam o mesmo. Juntos poderemos enxergar nossas lacunas e infidelidades (Ap 3,17-18), para melhor superá-las. Aliás, qual sinal melhor da presença do Espírito do que a capacidade de partilhar, comunicar, criar comunhão entre nós?
A matéria divide, o espírito une
Para ouvir os recados do Espírito, a primeira dificuldade dos cristãos de hoje — ao menos na Igreja ocidental ou latina, à qual pertencemos — é compreender quem é o Espírito. Em nossa tradição, sobretudo desde a Idade Média, está viva e quase onipresente a figura humana de Jesus: desde o Jesus Menino, venerado no presépio, que lembra seu Nascimento, ao Senhor Bom Jesus crucificado e morto. Mais difícil nos é imaginar o Cristo Ressuscitado, aquele que nem Maria Madalena soube logo reconhecer (cf. Jo 20,14-18). Mas está ausente — ou presente só marginalmente — a figura do Espírito, identificado com as imagens da pomba ou das línguas de fogo, que pouco nos dizem da infinita riqueza do Espírito que cria e vivifica todas as coisas.
Lembrei-me então de uma leitura da adolescência, de um filósofo católico inglês, que procurava — com certo humour — explicar algumas afirmações da doutrina católica. Entre elas, ficaram-me gravadas as observações sobre matéria e espírito.
O filósofo recordava uma característica da matéria que todos conhecemos: o fato de que ela ocupa um espaço, na forma de um corpo ou de um objeto, e onde há um corpo (ou um objeto material) não pode estar outro. Em física se fala de “lei da impenetrabilidade dos corpos”. Daí deriva outra característica importante, que aqui nos interessa: se eu possuo o objeto A, ele não pode pertencer ao mesmo tempo a fulano ou sicrano. Se tenho, por exemplo, um pão ou um bolo, a única forma para partilhá-lo com fulano e sicrano é dividi-lo em pedaços. Neste caso, eu não ficarei com todo o pão, ou todo o bolo, mas só com um pedaço dele. E é sabido que “dividir o “bolo” dá origem a muitas brigas: desde as crianças que querem a fatia maior, até os irmãos que brigam quando se trata de dividir a herança do pai, ou os cidadãos que brigam para dividir o “bolo” da renda ou da riqueza nacional.
Graças a Deus, além da matéria, existe o espírito. É verdade que ele precisa, em nosso mundo, de um suporte material, o que lhe traz alguns condicionamentos. Mas isto não lhe impede de revelar características opostas e extraordinariamente mais interessantes que as da matéria. Tomemos como exemplo uma criação intelectual: uma poesia, uma música, uma lei da física ou uma teoria matemática… Cada uma dessas realidades, cuja essência é espiritual, não material, pode ser possuída por muitas pessoas por inteiro, sem necessidade de divisão. Muitos podem compreender a teoria da relatividade de Einstein, uma vez que ele a descobriu e divulgou. Muitos mais podem apreciar a beleza de uma música ou de uma melodia e reproduzi-la, sem que ela nada perca do seu valor, pelo fato de ser partilhada por muitos. Ela não diminui, como as fatias do bolo dividido entre muitos. Quanto mais gente quer o bolo, tanto menores ficam as fatias! Pelo contrário, uma música ouvida, apreciada ou reproduzida por muitos, vai se enriquecendo de significado, vai revelando novos aspectos da sua beleza. O mesmo acontece com uma fé ou uma religião: quanto mais seguidores conquistar, mais ampla tornar-se-á sua irradiação e mais manifesta sua verdade, sua beleza. Com isso, o espírito não provoca briga para ver quem fica com a fatia maior (a não ser talvez dos direitos autorais)! Todos podem ter acesso às criações do espírito, segundo a capacidade de suas faculdades espirituais (intelecto, vontade, amor), sem diminuir em nada a possibilidade de outros gozarem da mesma verdade, da mesma beleza, da mesma posse.
Contadas assim as características de matéria e espírito podem parecer banais. Mas o que me interessava aqui era apenas insinuar, sugerir, que o espírito (em geral, nem precisa pensar no Espírito de Deus ou Espírito Santo) é uma realidade que por sua natureza cria comunhão entre as pessoas, aproxima-as e as torna capazes de conhecer ilimitadamente o que é bom, belo e verdadeiro. Já o pagão Aristóteles dizia que “a alma (= o espírito humano) é de algum modo todas as coisas”.
Confiantes que o caminho do espírito há de nos revelar muitas coisas novas e boas, a serem partilhadas por todos, vamos ouvir mais de perto o espírito de Deus, o Espírito Santo.
1º recado: a Igreja volte-se para o futuro
O Espírito não está preso à matéria. Dela se serve como suporte, para se fazer conhecer e alcançar toda a humanidade. Também na Igreja, o Espírito tem uma função semelhante: Ele deve evitar que os cristãos fiquem presos à sua origem, às suas condições históricas iniciais, de forma que reduzam o cristianismo a um museu, que conserva as relíquias de Cristo e das primeiras gerações cristãs. A Igreja é um corpo vivo, que até agora revelou apenas um pouco de seu potencial e que no futuro poderá manifestar muito mais a riqueza de dons que recebeu.
Infelizmente, na tradição católica latina, a Igreja ficou muito voltada para o passado. Concebeu a si mesma como uma instituição, que teve um Fundador — Jesus — e dele recebeu uma Constituição (o Evangelho, os sacramentos), que deveria ser aplicada pelos séculos sem nenhuma alteração. No início do século passado, o grande teólogo J. A. Möhler, não sem alguma ironia, criticava os que pensavam que “Cristo criou a hierarquia e com isso resolveu todos os problemas da Igreja até o final dos tempos”.
Na realidade, não é à hierarquia, em primeiro lugar, mas ao Espírito Santo, que Jesus confiou a direção da Igreja. Já Lucas tinha percebido, refletindo sobre a história da Igreja primitiva (cf. os Atos dos Apóstolos), que, diante de situações novas e inéditas, não bastava olhar para o exemplo do Jesus histórico. Era preciso que o Espírito de Cristo iluminasse os caminhos da Igreja, e a mantivesse fiel à vontade de Cristo mesmo no momento de assumir atitudes inovadoras e criativas. Pois a Igreja é um organismo vivo, que cresce não apenas quantitativamente, mas se desenvolve qualitativamente, permanecendo o mesmo (em latim: ipse), mas não exteriormente idêntico (em latim: idem). Como cada ser humano permanece com sua identidade do nascimento até a morte, mas através de contínuas mudanças e adaptações.
Parece simples, óbvio. Mas por muito tempo e até recentemente se defendeu na Igreja Católica uma identidade na uniformidade, no imobilismo, sem crescimento. Ainda temos muito a aprender do Espírito, para que a Igreja cresça vitalmente e se revele ao mundo de hoje como uma comunidade que anuncia o futuro, e não como uma instituição demasiadamente apegada ao passado, com tudo de transitório e obsoleto que o passado tem.
Como afirmou o Concílio Vaticano II na constituição “Dei Verbum”, Deus não nos falou somente “outrora”, no passado, mas nos fala hoje, com palavras vivas e atuais: “A Igreja […] tende continuamente para a plenitude da verdade divina… As próprias Sagradas Escrituras são [na tradição] cada vez mais profundamente compreendidas e se fazem sem cessar atuantes: e assim o Deus que outrora falou, mantém um permanente diálogo com a esposa de seu dileto Filho, e o Espírito Santo, pelo qual a voz viva do Evangelho ressoa na Igreja e através dela no mundo, induz os crentes a toda verdade e faz habitar neles abundantemente a palavra de Cristo” (DV 8, final).
Nestas afirmações está também a base de uma reta interpretação da Palavra de Deus. Dela não se pode fazer uma leitura meramente literal ou “fundamentalista” (como a de muitos movimentos, católicos e não, que se pretendem conduzidos pelo Espírito!). Ela exige uma leitura iluminada pelo Espírito, o único que pode nos fazer compreender as coisas de Deus. Já o apóstolo Paulo advertia que “a letra mata. É o Espírito que dá a vida” (2Cor 3,6).
2º recado: a Igreja procure, antes de tudo, a santidade
O Espírito de Deus é o Espírito Santo, porque Deus é santo (cf. Lv 19,2). O Espírito quer conduzir a Igreja à busca da santidade. Certamente o fez de muitos modos ao longo dos séculos. Mas na Igreja moderna, após o Concílio de Trento, num contexto em que a Igreja se confrontava com o poder civil dos Estados absolutistas, a Igreja — nos seus maiores teólogos e no próprio magistério da hierarquia — foi pensada demasiadamente como sociedade humana, como instituição semelhante “ao reino de França ou à república de Veneza”, como dizia são Roberto Bellarmino, teólogo e cardeal.
A insistência sobre os aspectos humanos e sociológicos da Igreja pode colocar na sombra o mais importante, que é a experiência do dom de Deus, a graça santificante. Seria injusto dizer que isto foi totalmente esquecido, mas também seria ingênuo ignorar que na época moderna o comportamento dos católicos foi frequentemente julgado com critérios políticos (no tempo das monarquias, o bom católico era aquele que obedecia ao rei; nas democracias, o bom católico é o que vota no partido indicado pela Igreja) ou quantitativos. A qualidade da vida espiritual foi cuidada por alguns grupos de elite, mas não foi sempre a preocupação prioritária e dominante da ação pastoral.
A experiência mística — ainda forte no século XVI — parece perder terreno diante de práticas devocionais mais simples e repetitivas. O próprio rosto dos “santos” dos séculos XIX e XX muda. São mais estimados como servidores dos pobres, educadores, reformadores sociais, “bons samaritanos” que socorrem os muitos feridos que a industrialização e a modernização deixam atrás de si. Mas brilha menos aquele amor exclusivo e radical para com Deus, que leva à transfiguração da existência humana e à “divinização” (se podemos usar este termo) do ser humano pela santidade.
Ora, não se trata de pensar numa santidade fora do mundo. Um grande místico, como Mestre Eckhart (1260-1327), escreveu: “Se um homem está fazendo a experiência do arrebatamento extático, como são Paulo (cf. 2Cor 12,2), e vem a saber que um doente precisa de uma sopinha, então eu julgaria mais oportuno que ele deixasse o êxtase e se pusesse a servir o necessitado com grande amor”[2]. Uma deliciosa lenda russa, citada por Soloviev (†1900), lembra que São Pedro premiou com duas festas por ano no calendário eclesiástico a São Nicolau, que tinha sujado de lama a veste branca e resplandecente do paraíso para ajudar um camponês, enquanto São Cassiano, que se tinha recusado a entrar na lama para não sujar a mesma veste branca, recebeu como data da festa o dia 29 de fevereiro.
Trata-se de colocar a santidade onde ela merece: acima de tudo! Diante da santidade, desaparecem na Igreja as diferenças de “status” ou de hierarquia. O santo é mais importante, aos olhos de Deus e do seu povo, do que Papa, cardeais, bispos, padres, religiosos e religiosas. Segundo uma comparação de Yves Congar[3], a hierarquia é necessária para construir a Igreja na história como “andaime”. Ou, segundo outra imagem, ela é a haste que sustenta a espiga. Na hora da colheita, colhe-se a espiga e joga-se fora a palha. Terminada a construção, o andaime não é mais necessário. A santidade é o que permanece para sempre na Igreja; funções e ministérios duram apenas na construção da Igreja nesta terra.
Por isso uma visão “pneumatólógica” da Igreja, ou seja, à luz do Espírito. Santo, coloca em primeiro lugar o cristão, o simples fiel, não os ministros. É o Espírito que dispensa os dons como lhe apraz. Ele pode fazer de leigos ou de santas mulheres os que indicam profeticamente o caminho da Igreja, mesmo a Papa e bispos. Geralmente se reconhece esse papel a Santa Catarina de Sena. Mas quantos leigos e leigas, nos últimos séculos, fundaram obras apostólicas, missionárias, educacionais ou sociais, que depois foram assumidas pelas Dioceses ou pela Santa Sé!
Uma Igreja que reconhece o primado do Espírito não olha as pessoas humanas antes de tudo do ponto de vista “carnal”, biológico, e não faz das diferenças biológicas entre homens e mulheres motivo de separação ou até discriminação. No Espírito, homens e mulheres são realmente iguais como pessoas e sobretudo como batizados, incorporados em Cristo, igualmente chamados à santidade (cf. Gl 3,28).
3º recado: a Igreja valorize sua verdadeira riqueza, dom do Espírito
Estamos, com essa alusão aos santos leigos, passando do tema “santidade” ao tema “carismas”[4]. Carismas são as graças especiais que o Espírito concede a cada cristão, para crescer na santidade e, sobretudo, no serviço da comunidade.
A diversidade dos carismas suscitou a questão do seu discernimento ou da “ordem” a que devem obedecer, se quiserem frutificar na Igreja. O próprio Concílio Vaticano II foi explícito em enfatizar que há dons “eminentes” e outros “mais simples e mais amplamente difundidos” (LG 12b) e que “os dons extraordinários, todavia, não devem ser temerariamente pedidos, nem deles devem ser esperados frutos de obras apostólicas” (ib.).
O Concílio, retomando o apóstolo Paulo, pede que os carismas sejam postos a serviço da “utilidade comum”. Era este o critério que Paulo usava para encorajar certos carismas e limitar o uso de outros (cf. 1Cor 12,7; 14,18-19.26-32). E se há um dom mais elevado, que todos devem procurar, este é o amor (cf. 1Cor 12,31-13,13).
A verdadeira riqueza do cristão é espiritual, no sentido genérico de imaterial e no sentido forte de dom do Espírito Santo, de graça divina. Ora, não é difícil perceber que essa “riqueza” espiritual é inseparável da pobreza evangélica. A pobreza evangélica é, antes de tudo, espiritual, no sentido de que é uma escolha voluntária, uma decisão do coração. Mas é também uma pobreza material, um desapego dos bens terrenos, um forte sentido do que conta são outros valores, os que Mateus apresentou na sua admirável — versão das bem-aventuranças de Jesus.
Bem-aventurados os que têm coração de pobre…
Bem-aventurados os que sofrem…
Bem-aventurados os mansos, os misericordiosos, os puros de coração…
Bem-aventurados os que têm fome e sede da santidade (“justiça” que vem de Deus)…
Bem-aventurados os que promovem a paz…
Bem-aventurados os perseguidos por causa de Deus e da sua justiça…[5]
Uma Igreja que espalhe o espírito das Bem-aventuranças e desconfie do poder humano baseado sobre o dinheiro ou prestígio: esta é a Igreja que o Espírito quer e que poderá corresponder aos anseios de tantos, que esperam um novo Milênio de amor e paz. E o verdadeiro critério de discernimento dos carismas será este: que não tragam “poder” para a Igreja, mas espírito de serviço e humildade.
4º recado: a Igreja proporcione uma experiência de liberdade e plenitude
O Jesus das bem-aventuranças, nunca aliado dos poderes constituídos, fiel à missão recebida do Pai, é o “homem verdadeiramente livre”. Também os adversários o reconheciam: “Mestre, sabemos que tu és verdadeiro e não te deixas influenciar por ninguém. Tu não olhas a aparência das pessoas, mas ensinas segundo a verdade o caminho de Deus” (Mc 12,14).
Paulo também descreveu a experiência cristã como uma experiência de liberdade. “É para a liberdade que Cristo nos libertou. Ficai firmes e não vos deixeis amarrar de novo ao jugo da escravidão”, dizia aos Gálatas (5,1). Fundamento da liberdade cristã é o Espírito: “Porque o Senhor é o Espírito, e lá onde está o Espírito do Senhor, lá está a liberdade” (2Cor 3,17).
A consciência da liberdade cristã está ligada em Paulo à oposição entre a velha Aliança, sob o regime da lei, em que a pessoa humana está na condição do servo, e a nova Aliança, sob o regime da graça de Cristo, em que nos tornamos “filhos no Filho”, coerdeiros com Jesus do Reino de Deus. Dessa nova Aliança, Paulo fala em diversos contextos (cf. Gl 4,21ss.; 1Cor 11,25; 2Cor 3,1ss.), evocando o profeta Jeremias. Ele pusera na boca de Deus: “Dias virão em que firmarei com a comunidade de Israel uma nova Aliança. Será diferente da Aliança que firmei com seus pais […]. Eu depositarei minha instrução no seu íntimo, inscrevendo-a em seu coração: eu me tomarei Deus para eles, eles se tornarão um povo para mim. Já não ensinarão uns aos outros, cada um a seu irmão, repetindo: ‘Aprendei a conhecer o Senhor!’, pois todos, pequenos e grandes, me conhecerão” (Jr 31,31-34).
A nova Aliança está realizada em Cristo. “Se alguém está em Cristo, é criatura nova. O que era antigo passou, agora tudo é novo” (2Cor 5,17). Em outros textos, porém, Paulo parece colocar ainda uma distância entre o que somos e o que seremos. A plena comunhão com Deus, a realização completa da nova Aliança, está no futuro? “Agora conheço apenas em parte, mas, então, conhecerei completamente, como sou conhecido (por Deus)” (1Cor 13,12). Talvez a resposta mais exata seja aquela que mantém a tensão entre o que somos e o que seremos. Estar unidos a Cristo não é nem um sentimento humano nem um fato definitivo; é um dinamismo, uma incessante renovação de nós mesmos pela ação gratuita e amorosa de Cristo: “O nosso interior vai se renovando dia a dia” (2Cor 4,16).
De qualquer forma, não há dúvida quanto ao resultado final: aqui na terra, a união mística e plena com Deus, como prelúdio da vida de eterna comunhão com Deus, após a morte. O “justo”, como diz São João da Cruz citando São Paulo, chega a um estado de plena liberdade. No cume do monte Carmelo não há mais caminho, porque “para o justo não há lei; o justo é lei para si mesmo”. Ou, como diz a Llama Viva (II,4), “o santo faz tudo o que quer, julgando tudo e não sendo julgado por ninguém”[6].
Esta comunhão com Deus em Cristo traz não apenas o sentido da liberdade, mas também o sentido da posse de todos os bens do amado, ou seja, de Cristo e de Deus. Já Paulo dissera com insuperável concisão e força: “tudo é vosso, mas vós sois de Cristo e Cristo é de Deus” (1Cor 3,22-23). São João da Cruz dirá, de forma mais ampla e apaixonada, na “Oração da alma enamorada”:
Senhor! Deus, amado meu! Não me tirarás, meu Deus, o que uma vez me deste em teu único Filho, no qual me deste tudo o que eu quero. Por isso alegrar-me-ei porque não tardarás, se eu espero.
Por que fico eu esperando, adiando, quando desde já posso amar a Deus em meu coração? Meus são os céus e minha é a terra. Minhas são as gentes. Os justos são meus, e meus os pecadores. Os anjos são meus. E a mãe de Deus e todas as coisas são minhas. E o próprio Deus é meu e para mim, porque Cristo é meu e todo para mim.
Pois, o que pedes e buscas, minh’alma? Teu é tudo isto, e todo é para ti. Não te ponhas em coisas menores, nem te preocupes com as migalhas que caem da mesa de teu Pai.
Sai fora e glorias-te de tua glória! Esconde-te nela e goza, e alcançarás os desejos de teu coração[7].
A experiência cristã da liberdade é um dom do Espírito, como já vimos (cf. 2Cor 3,17). A nova Aliança implica a substituição da lei, que traz a morte, pela “lei do Espírito que dá a vida no Cristo Jesus” (Rm 8,2). Só o Espírito pode conduzir o cristão para a verdadeira liberdade.
Antes, porém, de descrever outras exigências da liberdade cristã, vamos refletir um instante sobre a diferença entre esta experiência de liberdade — essencial na fé do apóstolo Paulo — e a religião católica da época moderna, que era imposta pelos Estados absolutistas europeus, Portugal inclusive. Até Voltaire comungava na Páscoa, com medo das consequências penais que a transgressão do preceito pascal podia trazer[8]. Mais perto de nós, pelo menos até 1960, quantos receberam — para depois muitas vezes rejeitarem — uma educação religiosa baseada sobre o medo, o escrúpulo, o domínio de uma lei que não conhecia a liberdade do Espírito?
Ao contrário, a época que estamos vivendo — certamente não isenta de inúmeros males — é muito sensível ao valor “liberdade” e, possivelmente, oferecerá ao cristianismo uma ocasião única para revelar suas qualidades intrínsecas, sua força espiritual, despojado de todo poder terreno. A época pós-moderna não será necessariamente a “Idade do Espírito” (como querem os discípulos de Joaquim de Flora). Mas o cristianismo poderá sobreviver nesta época se não for “religião do Espírito”, como a entendia o evangelista João (cf. Jo 4,23-24)?
5º recado: a Igreja assuma o compromisso do serviço e da partilha
Paulo conhece também uma interpretação equivocada da liberdade cristã, que considera uma escravidão que submete à “carne” (Gl 5,13a). A autêntica liberdade cristã se realiza no serviço dos irmãos (Gl 5,13b). Este serviço não é, para Paulo, uma nova escravidão, mas a realização do desígnio de Deus sobre a humanidade, a condição de solidariedade e fraternidade que permite a felicidade não de um, mas de todos.
O primeiro grande serviço que o cristão, imbuído pelo Espírito, presta aos outros, é a partilha de sua fé, de sua alegria por ter encontrado a Deus em Cristo pelo Espírito. O mais conhecido relato desta experiência — que se confunde com o relato do próprio nascimento da Igreja — é o de Pentecostes (At 2,1-41). Os Doze parecem embriagados, quando — sob o impulso do Espírito — anunciam nas diversas línguas a experiência do Deus de Jesus Cristo (cf. At 2,13). Depois disso, de muitas formas e em circunstâncias diversas, o Espírito transformará os cristãos em missionários e evangelizadores. O Espírito é o protagonista da missão, mas se serve de instrumentos humanos os mais variados. As lendas antigas atribuem aos Doze Apóstolos a evangelização da Índia, da Etiópia ou da Armênia. As notícias históricas mais seguras, porém, dizem-nos que as missões fora do Império romano são obra de leigos cristãos do IV século, às vezes feitos escravos (como os jovens que evangelizaram a Etiópia ou os avós de Úlfilas, que evangelizou os Godos). A Geórgia foi evangelizada por uma mulher, Santa Nina, até hoje venerada como fundadora da Igreja georgiana.
A missão cristã não é feita somente do anúncio explícito do Evangelho. Este exige muitas vezes um longo trabalho de preparação do terreno, feito de solidariedade, serviço, diálogo, busca em comum do Deus verdadeiro ou da verdade a respeito de Deus.
Característica da missão da nossa época é a tomada de consciência de que o Espírito precede os missionários e que ele mesmo suscita, fora da Igreja, uma ardorosa busca da revelação divina. Jesus encontrou fé em samaritanos e pagãos. Desde algumas décadas, pioneiros de um novo estilo de diálogo entre o cristianismo e as outras religiões puseram-se em busca e à escuta da “fé dos pagãos”.
Novamente, a partir do Espírito, temos uma visão diferente, mais ampla e otimista, da história da salvação. Em lugar de procurar obsessivamente os pecados a denunciar (que já são muitos e evidentes, mesmo entre os cristãos), o missionário conduzido pelo Espírito busca os sinais de sua presença renovadora da humanidade e precursora do mundo novo que todos esperamos, reino de justiça e paz, Cidade que não precisa de sol nem de lua, pois a glória de Deus é a sua luz, Cidade atravessada por um rio de água vivificante[9].
6º recado: a Igreja se torne lugar de misericórdia e consolação
A sequência da Missa de Pentecostes, após ter invocado a vinda do Espírito Santo, o invoca na 2ª e 3ª estrofes como “Pai dos pobres” e “consolo que acalma”.
Se o Espírito Santo leva ao serviço e à evangelização, deverá levar em primeiro lugar, preferencialmente, ao serviço e à evangelização dos preferidos de Deus, os pobres. Jesus veio “evangelizar os pobres” (Is 61,1; Mt 11,5; Lc 4,18). A boa nova (eu-angelos, evangelho) é de que a sorte dos pobres está para mudar. Maria a vê já realizada. Deus “precipitou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes; os famintos, ele os cobriu de bens, e os ricos, despediu-os de mãos vazias” (Lc 1,52-53).
Depois, cabe ao Espírito Santo nos fazer entender corretamente hoje o ensinamento de Jesus. Este inclui a identificação do próprio Cristo com os pobres (cf. Mt 25, 31-46), o que levará homens da Igreja a falar dos pobres como “sacramento” ou como “vigários” de Cristo[10].
O recente Catecismo da Igreja Católica (CIC) associa várias vezes o Espírito Santo aos pobres, sobretudo a partir de textos bíblicos[11].
Desde o “tempo das promessas”, no Antigo Testamento, o Espírito Santo prepara um povo que herdará o reino de Davi e do Messias: é o povo dos pobres segundo o Espírito, humildes e mansos, de quem falam profetas e salmos (cf. Sf 2,3; Sl 22,27;34,3; Is 49,13). É o “povo bem disposto” que acolherá o Messias, Jesus (cf. Lc 1,17). É a esse povo pobre que Maria dá a conhecer o seu Filho (Lc 2,15-19).
A Igreja, outra obra do Espírito, exerce com Jesus uma função régia. Mas para Cristo e para a Igreja, “reinar é servir”, particularmente os pobres (LG 8). Talvez seja oportuno recordar que este nº 8 da “Lumen Gentium” entrou nesta constituição do Vaticano II após uma intervenção do cardeal Lercaro, em 6/12/1962, que se queixava de não ter encontrado nada sobre os pobres nos “esquemas” dos documentos conciliares que tinha recebido no dia anterior[12].
O Catecismo (CIC) menciona ainda, falando da Eucaristia, as diversas “presenças” de Cristo na Igreja: na Palavra, na Eucaristia, nos pobres, doentes e presos (citando Mt 25,31-46). Enfim, é interessante a insistência do catecismo sobre a graça da ordenação episcopal, que torna o bispo “pai e pastor, com um amor gratuito por todos e uma predileção pelos pobres, doentes e necessitados” (nº 1.586). O “pai dos pobres” por excelência é o Espírito, mas ele quer se encamar na principal figura carismática da Igreja, o bispo, que não poderia ter título mais espiritual do que este: “pai dos pobres”.
A Igreja de hoje precisa deste “recado”? Ela assume realmente a “opção preferencial pelos pobres”?[13]. Há sinais de que um expressivo número de pobres se tem afastado recentemente da Igreja Católica na América Latina e de que, em certos setores eclesiásticos, o compromisso com os pobres se tem enfraquecido. Certamente não é o caso de repetir o que Lacordaire podia afirmar para a Igreja da França: “em vão há dezenove séculos se expulsam os pobres das portas de nossas igrejas”[14]. Mas é bom escutar novamente sua mensagem sempre atual: “O pobre é um sacramento… um sacramento intermédio que não exige de nós preparação alguma, mas que nos comunica a graça e nos dispõe para receber o fruto dos sacramentos propriamente ditos. Tal é o grande, o magnífico poder dos pobres. Habitam o vestíbulo do palácio de Deus; ninguém pode ver o amo sem ter visto seus domésticos[15]; em vão há dezenove séculos são expulsos das portas de nossas igrejas; sempre voltam, aí estão para nos instruir, têm em suas mãos a chave que abre o santuário”.
A sequência de Pentecostes, após ter invocado o Pai dos pobres, apresenta-nos o Espírito de Deus como:
“consolo que acalma/ hóspede da alma,/ doce alívio…
No labor descanso,/ na aflição remanso,/ no calor aragem”[16].
O título de “consolador” se tornou comum na tradição latina para o Espírito Santo. Mas as palavras do Novo Testamento (logo, da língua grega) que foram traduzidas por “consolo” ou “consolação” têm um sentido mais amplo. Paulo, depois de ter falado de suas tribulações, associa a um dom do Espírito o fato de estar, apesar de tudo, “cheio de confiança” (consolado) (cf. 2Cor 5,5-8)[17]. Mas “consolar” (exortar, encorajar, confortar…) aparece sobretudo como uma tarefa ativa dos cristãos e, particularmente, dos profetas. O dom de “consolar” ou encorajar é um carisma. Ele foi dado a Paulo, que como um pai exortou e encorajou os cristãos de Tessalônica (1Ts 2,12). Ele foi dado a esses mesmos cristãos, para “animar os tímidos e sustentar os fracos” (1 Ts 5,14). Aos Filipenses, Paulo dirá que o consolar faz parte do “mesmo sentir e pensar” do Senhor Jesus (cf. Fl 2,5): “conforto no Cristo…, consolação no amor…, comunhão no Espírito…, ternura e compaixão, alegria…”. Tudo isso é dom do Espírito: o consolo não vem sem a confiança, a coragem, a alegria.
Consolar é, de modo particular, uma atribuição dos profetas. A profecia é um dos carismas principais (1Cor 14,1). “Aquele que profetiza… edifica, exorta, conforta” (1 Cor 14,3). Consolar, porém, nunca deixou de ser uma responsabilidade de todo bom cristão. “Consolar os aflitos” entrou na lista das boas obras espirituais, seguindo uma tradição iniciada no judaísmo. Tarefa antiga, apreciada antes de Jesus, mas que continua atual até hoje, diante dos sofrimentos de tantos irmãos.
Próximo do papel de consolador, está o papel de “paráclito”, que o Espírito Santo recebe do Pai e do Filho (Jo 14,16). “Paráclito” é muito mais que consolador. Não é alguém que se limita a dizer boas palavras, mesmo que elas possam trazer alívio. “Paráclito” é, para o evangelista João, mais do que um defensor ou um advogado, que defenda os cristãos, quando processados e perseguidos (cf. embora Lc 21,12-15). O Paráclito é o Espírito de Deus que traz ajuda objetiva aos discípulos para continuarem a obra do Mestre, superando as dificuldades dos que ficaram como “órfãos” e conservando-os na fidelidade ao projeto de Jesus (cf. Jo 14,26; 15,26; 16,7).
A ação do Espírito como Paráclito ou “defensor”[18] nos introduz em um último aspecto: temos um defensor “bom de briga” nos conflitos deste mundo, embora ele nunca deixe de trabalhar pela paz.
7º recado: a Igreja tenha coragem diante de conflitos e perseguições e não cesse de promover a paz
Entre os dons do Espírito, está o dom da fortaleza, da firmeza e da coragem. Os evangelhos já estão marcados pela experiência que os discípulos do Crucificado fizeram da perseguição. O discurso de despedida de Jesus, na “última Ceia”, revela as preocupações do Mestre para com as dificuldades que, a curto prazo, os discípulos hão de enfrentar. Dificuldades que — logo será percebido — não provêm somente dos adversários externos, mas também das tentações, dúvidas, divisões e inimizades que penetram no seio da própria comunidade cristã. Diante dessas dificuldades, Jesus promete o Paráclito, a ajuda eficaz do Espírito Santo.
As dificuldades não são poucas. Carlos Mesters, num artigo notável do nº 3 de “Estudos Bíblicos”[19], enumerou — a partir dos Atos dos Apóstolos — 155 conflitos diversos, em que as primeiras comunidades cristãs se acharam envolvidas.
O próximo milênio é aguardado por muitos como um milênio de paz, após as guerras e destruições que marcaram o segundo milênio e, particularmente, os países do Ocidente “cristão”. A era do Espírito foi e é sonhada como era de paz, de superação dos conflitos e das armas, de entendimento e fraternidade. As previsões dos cientistas políticos não são muito otimistas, ao menos para o século XXI. Uns preveem “choques de civilizações”, entre o Oriente e o Ocidente, entre tradições culturais e religiosas diversas. Outros acham mais prováveis conflitos no interior mesmo de cada civilização, de cada religião, de cada área cultural, entre progressistas e conservadores, entre inovadores e tradicionalistas (ou fundamentalistas). Outros ainda temem por uma “desumanização” da humanidade pelos avanços da tecnologia.
O certo é que o Espírito Santo pede aos cristãos para enfrentarem o futuro sem medo, confiantes na força de Deus. Pede especialmente um empenho novo pela paz e o diálogo entre os povos e as religiões. Este empenho não é apenas — como certa mentalidade católica preguiçosamente pensa — o empenho do Papa, do Pastor supremo da Igreja. Não é um privilégio da Santa Sé. É um empenho que os cristãos no mundo inteiro podem e devem assumir, seja em seu próprio país, removendo as causas da violência, seja agindo como intermediários para reaproximar povos, etnias ou partidos que se tornaram inimigos e preferiram as armas ao diálogo. (Nos últimos anos, longe da “media” e da opinião pública internacional, muitos cristãos trabalharam arduamente para reconduzir a paz entre Israel e os árabes, entre as diversas facções em Moçambique e até na Argélia, entre as diversas etnias da antiga Iugoslávia.)
Em sua carta sobre “O Advento do Terceiro Milênio” (1994), o Papa João Paulo II insistiu na necessidade de um claro repúdio daquelas ações de cristãos — como o uso da violência, da tortura e da guerra em nome da religião e da verdade, ou a prática da escravidão de outros seres humanos — que mancharam a Igreja e criaram barreiras à própria difusão do Evangelho. Nem todos estão de acordo com isso… Mas o Espírito parece soprar mesmo através das palavras e das ações de João Paulo II, pedindo o respeito de todos os povos, em primeiro lugar dos mais fracos é explorados.
Um exame de consciência?
Está na hora de concluir… Os “sete recados” são, no fundo, um esquema de exame de consciência para cada um de nós, para as comunidades católicas, para todos os cristãos. Podemos nos dizer realmente fiéis a Cristo se não praticarmos o que o Espírito Santo nos pede? “Ninguém será capaz de dizer ‘Jesus é Senhor’, a não ser sob a influência do Espírito Santo” (1Cor 12,3).
[1] O artigo não pretende esboçar, sequer minimamente, uma teologia do Espírito Santo. Só trata de alguns aspectos da vida eclesial, que a teologia do Espírito pode iluminar melhor.
[2] Reden der Unterweisung (Discursos de instrução), 11; citado por J. I. GONZÁLES FAUS, Vigários de Cristo. Antologia comentada. São Paulo, Paulus, 1996, pp. 138-139. A mesma opinião é atribuída a outro grande místico, Ruysbroek (séc. XIV).
[3] Cf. CONGAR, Yves M. J. o.p., Os leigos na Igreja. São Paulo, Herder, 1966, pp. 154-161 (1ª ed. francesa, 1953).
[4] Fundamental é o nº 12 da “Lumen Gentium”, que marca uma virada na redescoberta da dimensão carismática da Igreja, superando o lugar comum dos carismas como dons especiais do Espírito à primeira comunidade cristã, necessários apenas no começo da história da Igreja.
[5] Uma visão original das relações entre bem-aventuranças, virtudes teologais e dons do Espírito Santo foi apresentada recentemente pelo Cardeal C. M. Martini em: Tre racconti dello Spirito (Milano, Centro Ambrosiano, 1997), pp. 40-56.
[6] Citação que mistura o “ama et fac quod vis” (ama e faz o que quiseres) de Agostinho e 1Cor 2,15: “O homem espiritual julga tudo, mas ele mesmo não é julgado por ninguém”.
[7] Cf. Vida y obras de San Juan de Ia Cruz. Madri, Biblioteca de Autores Cristianos, 1960 (4ª ed.), pp. 1.127-1.128.
[8] Jean Delumeau demonstrou que o catolicismo pós-tridentino pode ser interpretado como uma “religião do medo”.
[9] A expressão do Apocalipse (22,1) pode ser completada por aquela de santo Irineu: “A glória de Deus é a vida do homem, e a vida do homem é a visão de Deus”.
[10] Documentação na antologia de GONZÁLES FAUS citada na nota 2.
[11] São os números 709, 716, 724, 786, 852, 1.373 e 1.586 do CIC.
[12] Texto às páginas 356-357 da antologia citada de J. I. GONZÁLES FAUS (que, porém, erra duas vezes: na data do discurso, que não é 17 de dezembro, e na sede arquiepiscopal de Lercaro, que era Bolonha, e não Turim).
[13] Indo além do Concílio Vaticano II, a III Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano (Puebla, 1979) assumiu o compromisso solene desta opção.
[14] Palestra em Dijon, 1853; texto nº 109 de J. I. GONZÁLES FAUS, op. cit., pp. 328ss.
[15] Aqui escapou um pequeno engano na tradução brasileira: “nada pode ver o amor sem ter visto seus domésticos” (p. 329).
[16] No original em latim: “Consolator optime,/ Dulcis hospes animae,/ Dulce refrigerium./ In labore requies,/ In aestu temperies,/ in fletu solatium”.
[17] O mesmo vocábulo de Paulo (“confiança” ou “segurança”) aparece em Hb 13,6: todos os cristãos a possuem pela certeza de ter Deus com eles.
[18] Assim “paráclito” é traduzido pela recente Bíblia (NT) da CNBB.
[19] Carlos MESTERS, Os conflitos no livro dos Atos dos Apóstolos, “Estados Bíblicos” nº 3, Petrópolis, Vozes, s.d. (1984), pp. 21-34 (publicado também como suplemento da REB nº 175, setembro de 1984).
Pe. Alberto Antoniazzi