Por Eliseu Wisniewski*
*Presbítero da Congregação da Missão (padres vicentinos) Província do Sul, mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
Eis o artigo:
Se a relação entre fé cristã e compromisso social é intrínseca à revelação bíblica, antes de tudo, é preciso insistir na dimensão social da fé e da evangelizadora, fortalecendo e dinamizando, na lógica do Evangelho de Jesus Cristo, o compromisso dos cristãos e do conjunto da Igreja como os processos de transformação da sociedade. A Doutrina Social da Igreja como sabemos propõe uma reflexão sobre as demandas sociais da fé cristã, com particular referência ao magistério dos pontífices.
No entanto, um fenômeno sintomático de nossos tempos tem sido o desconhecimento e o desinteresse pela Doutrina Social da Igreja e junto com isso a desconfiança irônica diante da caridade dos outros. O resultado não pode ser outro: católicos atacando a doutrina da Igreja baseados nos desconhecimento sobre ela.
Neste cenário recebemos a obra Doutrina Social da Igreja: outro mundo possível (Paulus, 2024,104 p.), escrita por Altiérez dos Santos e Luiz Alexandre Solano Rossi, ambos, doutores em Ciências da Religião. Os autores salientam que esta obra trata do fascinante amor de Deus pela humanidade, e de temas de grande relevância como a justa e responsável atuação da Igreja na sociedade, a pessoa humana, a família, o trabalho, a economia, a comunidade internacional, a ecologia, a violência, o socorro das multidões que vivem em situação de vulnerabilidade etc.
O texto está estruturado em quatorze reflexões temáticas e buscam das uma resposta as seguintes questões: 1) O que é Doutrina Social da Igreja? (p. 11-14); 2) Por que existe uma Doutrina Social da Igreja? (p. 15-16); 3) Qual o propósito da Doutrina Social da Igreja? (p. 17-19); 4) A Doutrina Social da Igreja é uma ideologia? (p. 21-23); 5) A Doutrina Social da Igreja é uma inovação teológica? (p. 25-27); 6) A Doutrina Social da Igreja causa alguma mudança real? (p. 29-45); 7) Como a Doutrina Social da Igreja se relaciona com a ética e a moral se relaciona com a ética e a moral? (p. 47-48); 8) O que a Doutrina Social da Igreja diz sobre o pecado? (p. 49-50); 9) O que é o personalismo? (p. 51-52); 10) Quais são os valores da Doutrina Social da Igreja? (p. 53); 11) Quais são os princípios da Doutrina Social da Igreja? (p. 55-68); 12) Quais são os temas da Doutrina Social da Igreja? (p. 69-78); 13) Outros temas da Doutrina Social (p. 79-88); 14) Os papas e a Doutrina Social da Igreja (p. 89-97).
O texto, portanto, foi pensado e apresentado em torno dos temas fundamentais da Doutrina Social da Igreja. Esse conjunto de ensinamentos, que parte das palavras de Jesus, passa pela reflexão de teólogos e teólogas e contempla o magistério dos Concílios e dos papas, é uma riqueza basicamente desconhecida. Daí uma primeira contribuição desta obra. Ajudará seus leitores a compreender que a Doutrina Social da Igreja trata do fascinante amor de Deus, da justa atuação da Igreja na sociedade, da pessoa humana, da família, do trabalho, da economia, da comunidade política, da comunidade internacional, da ecologia, da violência, entre outros temas que acarretam tantos e tantos debates.
A obra é também um lembrete. Lembra-nos que temos uma oportunidade única de realizar contribuições nobres, belas e verdadeiras para a humanidade. Frente a isso os autores pontuam que uma visão pessimista sobre o mundo, sobre as relações entre as pessoas e sobre temas como política, economia e riqueza atrapalha a capacidade de pensamento coletivo, ainda apegada a padrões ultrapassados e dualistas. Não se trata de otimismo ingênuo, mas de uma visão prospectiva. Poucos percebem que vivemos em um mundo em construção e que a Igreja nos dá a oportunidade de pensar a transformação e a restauração da criação de Deus, na qual nos incluímos.
Neste livro nos é oferecido um precioso contributo para a compreensão da Doutrina Social da Igreja. Permitirá fazer viagens sobre as suas temáticas. Cada uma delas permitirá vislumbrar horizontes novos afim de despertar em nós a consciência do que a Igreja ensina e vive no engajamento na sociedade, no cuidado, defesa e promoção da vida, de toda espécie de vida, em especial dos seres humanos, criados à imagem e semelhança” do Criador.