No decorrer do 6º Encontro Intereclesial das CEBs, ocorrido de 22 a 24 de julho de 1986, VIDA PASTORAL procurou ouvir as bases e levar aos leitores a riqueza existente nelas. Essa riqueza está condensada no depoimento de Dona Luzia. Entrevista concedida a Pe. José Bortolini e Ir. Rosana Pulga.
LUZIA SANTOS FLORÊNCIO, da comunidade Sagrada Família, paróquia de Cristo Rei, Itumbiara (GO), casada, seis filhos e três netos, que cria desde que nasceram.
VIDA PASTORAL (VP): Dona Luzia, qual a situação do seu marido?
LUZIA: Meu marido tem 54 anos, trabalha numa associação de sindicato da companhia Cibrazen, entre os ensacadores e carregadores, na maior exploração. Está muito doente e não o “encostam”. Tem que continuar trabalhando nesse serviço e, por cima, doente. Tem medo de deixar o trabalho porque nessa idade não encontra outra firma que o aceite. Então ele fica aguentando a mão.
VP: A senhora, além de cuidar da casa, teve que trabalhar fora?
LUZIA: Já trabalhei de empregada, lavadeira, boia-fria, até três anos atrás. Aí tive que sair do trabalho e ficar mais em casa, porque os filhos que ainda são moços e moram em casa precisam de mim, e as três crianças também. Embora eu tenha precisão de trabalhar fora, tenho que ficar em casa para dar um pouco de assistência à família.
VP: Como nasceram as CEBs em sua paróquia?
LUZIA: As CEBs em nossa paróquia nasceram da seguinte maneira: logo após a criação da paróquia, há uns quinze anos, nasceram as CEBs. Quando o nosso vigário ouviu falar em CEBs, ele se interessou por primeiro. Foi a Belo Horizonte pra fazer um curso de CEBs. Quando voltou, fez uma proposta para as pessoas mais chegadas à igreja: Quem queria fazer um curso de CEBs, baseado na Bíblia, com duração de três anos? Um bom grupo topou essa proposta. Esse curso foi de formação de líderes. Foi uma coisa muito boa. Ali nós fizemos curso de batismo, catequese, ministros de eucaristia. Formamos uma equipe muito boa. Depois de três anos fomos para as bases pra trabalhar.
VP: Qual é a situação do lugar onde a senhora mora?
LUZIA: O bairro onde moro é um dos mais pobres. Nossa paróquia também é uma das maiores, e muito pobre. A maioria do pessoal do bairro é desempregada. Os que trabalham, a maioria é boia-fria, domésticas e lavadeiras. Por mais que a gente lutasse, não tínhamos até pouco tempo nenhum sindicato. A gente não tem muito conhecimento das leis trabalhistas e não sabia como fundar um sindicato, embora a gente tenha um grupo de trabalhadores que luta pela conscientização. Há dois anos atrás, chegou lá um senhor. Ele se diz trabalhador, mas a gente não sabe se é trabalhador, e não se sabe quais são as ideias e as intenções dele. Ele fundou um sindicato provisório, mas o trabalhador não tem acesso a esse sindicato. Não tem vez. A gente não sabe direito como funcionam as ideias dele. É ele quem manda.
VP: E o que vocês estão fazendo diante disso?
LUZIA: Estamos conscientizando as comunidades no sentido de participar de tudo o que acontece lá dentro, para conhecer as ideias e pra ver como mudar as coisas. Mas as coisas estão difíceis porque o trabalhador não tem proteção.
VP: Qual era a situação antes do nascimento das CEBs?
LUZIA: Antes que existissem as CEBs, havia muita pobreza e o pessoal era muito desunido. Aconteciam coisas horrorosas. Não eram coisas das quais eu ouvia falar. Foram coisas que eu presenciei: mães de família que iam trabalhar doentes e às vezes voltavam mortas, porque mal alimentadas; crianças que morreram intoxicadas com medicamentos derrancados, pois o irmão maior ia dar remédio para o irmãozinho e dava o remédio derrancado; crianças que morriam queimadas, três, quatro de uma vez: os pais, boias-frias, saíam de madrugada, as crianças pegavam a lamparina e, sem saber, botavam fogo na casa; crianças que morriam dentro de poços, atropeladas na rua…
VP: A situação mudou com o surgimento das CEBs?
LUZIA: Com as CEBs isso melhorou um pouco, porque a gente aprendeu a assumir. Os boias-frias saem de madrugada, e quem fica em casa durante aquela semana, dá um giro, e onde tem criança sozinha, se precisar, leva para casa; se precisa, dá um banho, se está doente, sem comida, a gente reparte o leite com o filho da gente; a mãe que está amamentando lhe dá de mamar. Depois que vieram as CEBs — é uma experiência dos pobres — mas a gente partilha tudo: a vida, a luta, a dor, as vitórias. Eu comparo a comunidade com o Cristo e sua comunidade, com aquele pessoal lá do Evangelho, onde mostra a multiplicação dos pães. O Cristo podia multiplicar, mas nós também repartimos o pouco que temos, com muita alegria, sem nenhum pretexto. Apesar de pobres, a gente vive com muita alegria. Não são muitas as famílias que vivem assim, mas tem um grupo aqui, um grupo mais adiante, outro mais adiante. E acontecem as celebrações. Quando tem a celebração da primeira eucaristia, aniversário de casamento, os convidados se reúnem para celebrar. É uma vida muito pobre, mas muito alegre e feliz, de gente muito unida.
VP: Como é feita a catequese nas CEBs?
LUZIA: A catequese acontece na comunidade mesmo, para o jovem trabalhador, que é boia-fria, para as meninas que são empregadas. O catequista é de lá mesmo e arranja um horário para aquelas meninas que trabalham; para os doentes é feita uma catequese resumida, numa linguagem que eles podem entender. As crianças que a gente sabe que têm dons, já ficam ajudando na catequese. Quando elas fazem a primeira eucaristia já são catequistas. Há em nossa comunidade uma menina que vai fazer a primeira comunhão no final do ano e já é catequista. Eu viajei e a turma ficou com ela. É uma menina de treze anos. E dá tudo certinho.
Na comunidade, quando a gente começa um trabalho de grupo, ao sair dali, ao terminar aquele encontro, já ficou ali alguém para tomar conta daquele grupo e levar adiante o trabalho. As CEBs são o lugar onde a gente se conhece pelo nome, onde todos são iguais. Um pedacinho da Terra Prometida é viver nas CEBs.
VP: O que é preciso ter para se viver numa CEB?
LUZIA: É preciso ter um espírito de muito desprendimento, de naturalidade. É preciso ir conseguindo essas coisas. É a maior riqueza que a gente pode conseguir, esse espírito de desprendimento e naturalidade, deixando as coisas acontecer, não ficar preocupado, ir trabalhando naturalmente e acreditar que Deus ajuda a gente a caminhar na comunidade. Quando a gente pensa: “É eu que tenho que fazer”, aí a preocupação atrapalha. Quando a gente vai trabalhando naturalmente, quando a gente se sente igual, quando se percebe que o maior valor que temos é ser filhos de Deus, aí a coisa caminha bem, aí não tem pobreza. Nem a morte pode tirar isso da gente.
Na minha casa, meu genro morreu assassinado, deixando as crianças. Quando ele, um moço de 23 anos, morreu misteriosamente — ninguém sabe quem e nem por que o matou — no momento em que todo mundo quis desesperar, eu disse: “Olha, é o momento de unir forças. Deus está com a gente. A gente tem fé não só para as horas em que tudo corre bem. Também na hora da dor é o momento de unir as forças. Estamos firmes”. E a comunidade acertou.
É assim que a gente vive na comunidade. As coisas vão acontecendo naturalmente, à luz da Palavra de Deus, com a oração e a catequese. Para mim, a catequese é toda a vida da gente. Há quem pense que a catequese seja só para a primeira eucaristia, casamento etc.
Há um grupinho na minha comunidade que está muito preocupado com o trabalho (os que trabalham em casa). Mas se chega alguém na minha casa, a gente vai conversar, seja quem for, na rua, a gente se assenta no chão, pode ser prostituta, bêbado, seja lá quem for, a gente se assenta em qualquer lugar e vai conversar. Vai saber da vida dele, saber onde mora; a gente convida pra ir em casa, almoçar com a gente, tomar café, seja lá quem for.
Há um grupo lá que espontaneamente vive nessa catequese. Essa catequese voluntária, seja na rua, ou em qualquer lugar. A gente senta em qualquer lugar, entra em qualquer casa, a gente não perde um olhar para pessoa alguma na rua.
VP: A senhora considera isso um novo ministério?
LUZIA: Claro que sim. É um ministério que muda a vida e a mentalidade da gente, das pessoas, das famílias e da própria Igreja. Muda, muda mesmo!
VP: Há pouco a senhora falou da Bíblia. Gostaria de falar um pouco mais? Qual a importância da Bíblia para a vida das CEBs?
LUZIA: Para muitas pessoas da minha comunidade, a Bíblia é como a necessidade de tomar água e comer todos os dias. A gente deixa o trabalho lá fora e volta pra dentro de casa pra pegar a Bíblia, pra dar uma olhadinha que ilumine a vida. Quando chega visita na casa da gente, uma das coisas que acontecem normalmente, em certo momento a gente pega a Bíblia. Se é uma pessoa que não está acostumada com isso, a gente arranja um jeitinho: contar um caso, lembrar uma coisa, disfarçadamente; é um trabalho que a gente não faz com imposição, mas espontaneamente, a cada momento de uma forma diferente, mas isso é importante. Quando a gente deixar de lado a Palavra de Deus, começa a escurecer a vida e aparecem os tropeços. A gente não entende mais as coisas. Mas com a luz da Palavra de Deus a gente consegue atravessar as maiores barreiras.
VP: Nós vimos ontem, na assembleia, uma encenação muito bonita. O barco das CEBs, onde cada qual remava para um lado, sem que o barco saísse do lugar. Mas a partir do momento em que a Bíblia entra no barco, todos remam na mesma direção, o barco anda e o povo derruba a cerca do latifúndio, conquistando a Terra Prometida. A senhora está de acordo com o que vimos?
LUZIA: Sim, estou de acordo. Sob a luz da Palavra de Deus a gente tem uma força muito grande. Minha vida fala disso. Eu nasci prematura, de sete meses, na beira de uma estrada, filha de mãe solteira com menos de quinze anos. Agora vocês imaginem o resto… Esse foi o primeiro passo da minha vida. Quando eu tinha de cinco a sete anos, sentia uma preocupação que não sabia o que fosse. Era uma verdade que eu precisava acreditar. O ambiente em que eu vivia não me ajudava a entender. Minha mãe sempre mais na prostituição. Eu precisava ver, acreditar de fato, mas não sabia o quê. Eu plantava flores onze-horas. Quando floriam, eram para mim a expressão da felicidade que eu queria, da verdade que eu buscava. Quando eu ajeitava meus irmãozinhos, morando no rancho, varria o terreiro com vassoura de rama, pra mim aquilo era a expressão da verdade que eu precisava acreditar.
Casei muito cedo, com doze anos. Aos dezesseis, tinha uma filha muito doente, com meningite, sem condições de tratar, com paralisia infantil, num desespero muito grande, grávida, meu marido tinha morrido (sou casada duas vezes), sozinha, sem poder trabalhar.
Certo dia passou na rua um grupo de jovens e um deles me perguntou por que eu estava tão triste. Aí eu fui explicando, me abrindo com eles. Um deles me falou: “O amor de Cristo é maior do que todo o sofrimento do mundo. Acredite nele que você vai vencer”. Outro jovem sentou bem perto de mim e perguntou: “Você está me sentindo aqui, perto de você?” Eu disse: “Estou”. “Pois bem, disse ele, o Cristo está muito mais perto de você do que a gente que você está vendo. Acredite nisso.”
Eu perguntei: “Como é que vou saber disso?”. “Procure ler a Bíblia, procure rezar.” Aí, sim, encontrei novas forças. Sofri muito, mas eu sempre buscava novas forças. Noutro dia, esses jovens deram um pedacinho do Antigo Testamento pra minha menina que estava doente. Faz trinta anos e tenho essa lembrancinha guardada até hoje. Daí pra cá a gente foi caminhando, embora não seja fácil. Eu lia a Bíblia, não entendia bem, mas alguma coisa ficava, e me pus a rezar.
Casei de novo. Com seis meses de casada descobri que meu marido bebia. Era o homem mais bravo da cidade. Continuei rezando, rezando, rezando. Criei mais quatro filhos. Hoje meu marido não bebe mais, é um amigo, um homem bom. Meus filhos estão criados e estou criando uma nova família. E tudo isso não é força humana, não. É a força de Deus, da oração, da Palavra de Deus que ilumina e que dá força. Uma força que só ele pode dar.
VP: Como você considera a Bíblia pra você e sua comunidade?
LUZIA: É uma luz que ilumina o caminho e a vida de cada pessoa. E uma luz mesmo! Tanto que na catequese para jovens e adultos eu não uso outro livro senão a Bíblia. A gente acompanha a história da salvação, desde o Antigo Testamento até a vida da Igreja. A catequese que a gente dá para os adultos é isso aí. A gente lê lá na Bíblia e joga tudo na nossa vida. Lá e cá. Demora um pouquinho, mas a gente vê todos os pontos, todinhos. A cada semana a gente resume um bom trecho da Bíblia. Eu não abro a Bíblia na frente deles, não. A gente conversa como se estivesse contando a história do meu pai, do meu avô…
VP: No ano que vem, a Campanha da Fraternidade irá tratar do tema do menor abandonado. A gente sabe que há milhões de crianças abandonadas no Brasil. Como a criança é tratada na sua comunidade?
LUZIA: A criança é amparada, é muito querida pelas comunidades. Quando os pais saem, outras pessoas tomam conta, estão ali com elas, ajudam a olhar. Elas são vistas com muito carinho. Ainda há crianças abandonadas, porque nossos grupos são pequenos e a cidade é grande. Não dá para cuidar de todas. Não dá para responder a todas as necessidades. A gente fica muito feliz, mas é preciso muita gente que esteja disposta a trabalhar.
VP: Como a senhora sente o papel da mulher na CEB?
LUZIA: Eu vejo a mulher com direitos iguais. No meu casamento, tive uma luta muito grande pra ter esse direito de igualdade. “Você é o dono da casa? Eu também sou dona da casa! Você não está? Então eu posso decidir”. Na educação dos filhos eu posso decidir, eu também sei o que fazer. Posso viajar sozinha, posso decidir se preciso sair. Não preciso pedir ao marido pra sair. Ele tem seus afazeres na vida, eu também tenho os meus. A gente foi conversando, conversando, conquistando, conquistando. E a gente luta pra ensinar isso também na comunidade. A mulher tem o mesmo direito que o homem e precisa lutar para conseguir isso.
Veja como é interessante: Você pergunta a uma mulher: “Você trabalha?” E ela responde: “Não. Eu só fico em casa”. Pois se eu fico em casa, trabalho mais ainda. Porque lá em casa sou a mãe dos meus filhos, sou a lavadeira, a passadeira, a arrumadeira, sou aquela que orienta. Não trabalho? Por quê? Trabalho muito! E é um trabalho pesado!
Na catequese para noivos eu falo disso. Eu digo: Quando vocês tiverem filhos, acham que só ela é quem deve olhá-los. Por quê? De jeito nenhum! Depois que ela se casar com você, não pode mais usar um vestido bonito como tinha costume de usar, ir a festas? Só você é que pode? Não! Vão os dois! Têm criança? A criança é nossa. Então nós a levamos e vamos olhar juntos. Eu sozinha vou levantar de noite pra trocar fralda e fazer mamadeira? Não! Você também! Você chegou e a comida não está pronta? Você é que vai fazer, eu estou cansada, estou meio doente, tenho outra coisa pra fazer, vou sair, e você vai fazer a comida…
VP: Onde é que a senhora aprendeu isso?
LUZIA: Aprendi isso à luz da Palavra de Deus. Lá no Gênesis se diz que Deus criou a mulher da costela do homem. Por que Deus tirou a mulher do lado (da costela) do homem? Do lado pra caminhar juntos, para ser companheira. Por que não foi tirada do osso do pé? Se fosse pra ela andar debaixo dos pés do homem, Deus a teria tirado do osso do pé. Ela é companheira, por isso foi tirada do osso do lado. É aquela que caminha junto, que decide junto. É aquela que trabalha junto.
A própria vida e o sofrimento vão ensinando. A gente vai se esclarecendo sobre as coisas. Isso está muito firme na minha cabeça e eu tento passar isso pra todo lugar onde vou passando: pros jovens, casais, crianças, pra todo mundo, até para as meninas da catequese. Temos voz, temos direito. Temos que lutar pra isso!
VP: A senhora também faz parte dos grupos de consciência negra?
LUZIA: O nosso grupo deu uma saidinha nesse sentido, mas agora a gente tenta reativar. Houve momentos bons.
VP: As CEBs, portanto, são o lugar onde se toma consciência dos direitos da mulher e onde a mulher é promovida, não é mesmo?
LUZIA: Sim. Porque se nas CEBs há desigualdade, então não são verdadeiras CEBs. A CEB é onde a gente se sente irmão, igual, caminha junto, trabalha junto, com direitos iguais. A evangelização nas CEBs leva em conta tudo isso, pois Cristo veio para a salvação total do homem, para a felicidade total do homem. Uma mulher oprimida, mesmo que tenha casa e comida, ela não é feliz. Pode o casamento servir para a escravidão? O casamento é para a gente ser feliz. Quando a gente é oprimida, a gente não é feliz. Tem que lutar por essa liberdade, essa liberdade santa, consciente, de todo mundo.
Quando minhas filhas viajavam para longe, me perguntavam: “Você deixa suas filhas viajar sozinhas?”. Eu respondia: “Deixo, porque elas têm que ser felizes nesse mundo que está aí”. Só que a gente conversa. Eu digo: “Olhem, tem muita coisa aí; é nesse mundo que vocês têm que ser felizes, não e fugindo dele”. O cristão consciente tem que ser aquele que enfrenta tudo, vê tudo e sabe separar. Sabe até onde pode ir, o que pode fazer. O cristão consciente precisa ser desse jeito. Não é fugindo das coisas que a gente vai ser feliz.
VP: Em relação às pessoas das outras religiões, como é que a senhora age?
LUZIA: Vou a casamento de crentes, converso com eles, sou amiga deles. Até já fiz um curso de Bíblia com eles! E assim que eu vejo a vida.
VP: Dona Luzia, uma palavra final,
LUZIA: Posso dizer muito tranquila: sou muito feliz! Feliz mesmo! Não tenho dinheiro, não tenho casa boa, não tenho nada, tenho muito trabalho, tenho dificuldades; uma das minhas filhas é prostituta. Mas é minha filha, que eu quero bem. Tenho sempre uma palavra de carinho pra ela. Ela ficou viúva e caiu na prostituição. Suas crianças estão comigo. Mas mesmo assim sou muito feliz e tenho uma confiança muito grande em Deus. Às vezes eu digo: no dia em que eu morrer, cantem, celebrem, porque apesar de tanto sofrimento, eu sou feliz. Não precisa chorar. Cantem e celebrem!