Prezadas irmãs, prezados irmãos, graça e paz!
Quando implodiu a pandemia do coronavírus no início do ano 2020, talvez uma das frases mais ouvidas nas lives, nas falas de muitos especialistas em crises e na linguagem do senso comum era: “Tudo isso vai passar e sairemos melhores dessa”. Parecia uma sentença oracular, como se uma profecia tivesse de se cumprir para redimir a humanidade. Contudo, com o passar do tempo, a crise que se apresentou com maior contundência foi a humanitária. Até se brincou com o trocadilho, perguntando se a crise pela qual passávamos seria de imunidade ou de humanidade. Não temos o “medidor” preciso do nível de humanidade, mas os fatos têm mostrado que a indicação do termômetro humano, no sentido de empatia e compaixão, ainda precisaria subir bastante.
O papa Francisco tem sido uma voz necessária. Desde o início de seu pontificado em 2013, sua palavra contundente ultrapassa as fronteiras da Igreja católica. Suas falas e gestos expressam um coração e ouvidos de pastor, capaz de sentir e ouvir a dor do mundo. E, além disso, ser um sinal firme de mobilização, de ação e transformação. No auge da pandemia, quando muitos insistiam no discurso de salvar a economia, ele se fez voz solidária e se apresentou como verdadeiro líder, transmitindo esperança e insistindo com as lideranças mundiais para darem primazia ao cuidado das pessoas. A atitude do papa foi de presença vigilante em favor da humanidade sofredora.
Na encíclica Fratelli Tutti (lançada em outubro de 2020), expressão usada por “São Francisco de Assis, dirigindo-se a seus irmãos e irmãs para lhes propor uma forma de vida com o sabor do Evangelho” (FT 1), o texto do papa ensina a todos nós o valor e a necessidade urgente da fraternidade e amizade social. Trata-se de um apelo para que acordemos do possível sono da indiferença e nos esforcemos por verdadeira solidariedade universal.
Para colaborar com essa reflexão, esta edição de Vida Pastoral conta com o artigo de Dom Joaquim Mol, que discorre sobre o aspecto específico da comunicação na encíclica. O artigo pretende, além de mencionar alguns riscos do mau uso da comunicação, demonstrar sua importância na construção de novo modo de vida humana e do planeta. O artigo de Pe. Claudiano Avelino, por sua vez, com o tema da solidariedade, destaca elementos da Fratelli Tutti, tendo por base perguntas como: Por que o papa se dedica ao tema da política? O que fazer para que a amizade social e a fraternidade universal não se restrinjam ao mundo das boas ideias, mas tenham incidência em nossas comunidades? A perspectiva é da configuração com Jesus Cristo, algo essencial para iniciar o caminho da fraternidade universal.
Na esteira do pensamento do papa e no sentido da configuração com Cristo, Pe. Luciano Massullo discorre sobre as catequeses de Francisco referentes à liturgia da Palavra. De acordo com o autor, nas catequeses o papa nos ajuda, pela ritualidade, a entender a dinâmica de cada um de seus ritos. Por fim, um texto sobre a teologia do Evangelho de Marcos, considerando a liturgia do Ano Litúrgico B. O texto é fruto de uma live realizada pelo Pe. João Paulo Sillio com o Pe. Jaldemir Vitório. Trata-se de uma chave de leitura para entender a teologia marcana. Além disso, dispomos dos tradicionais Roteiros Homiléticos, desta vez com a preciosa colaboração de Ir. Izabel Patuzzo.
Desejamos a todos uma ação pastoral com o sabor do Evangelho.
Boa leitura!
Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp
Editor