Carta do editor

Julho-agosto de 2019

Formação Presbiteral: desafios e perspectivas

Prezadas irmãs, prezados irmãos, graça e paz!

O tema da formação nos seminários e conventos é um caminho sempre desafiador e exigente. A imagem do caminho nos remete exatamente ao itinerário que Jesus fez com seus discípulos rumo a Jerusalém. “Estavam no caminho, subindo para Jerusalém. Jesus ia à frente deles” (Mc 10,32a). O caminho é elucidativo no sentido de que a formação é um processo para a vida toda. Ninguém nunca está totalmente formado. Há sempre o que aprender e se aprimorar. Jesus é o mestre, ele vai à frente para que os discípulos aprendam a caminhar seguindo suas pegadas.

É certo que Jesus não chama discípulos perfeitos. Mas ele sabe de que matéria somos feitos. Por isso, oferece-nos a possibilidade de preparação para a missão. Daí o encargo entregue à Igreja para o cuidado e atenção especial à formação de seus ministros. Isso é atestado pelos documentos do Magistério e confirmado pela insistência atual do papa Francisco neste tema.

Francisco, em seu discurso aos participantes do Congresso Internacional da Pastoral Vocacional, em 21 de outubro de 2016, enfatizou: “Temos que aprender a sair das nossas intransigências que nos tornam incapazes de comunicar a alegria do Evangelho, das fórmulas estandardizadas que muitas vezes resultam anacrônicas, das análises preconcebidas que arquivam a vida das pessoas em esquemas frios. Sair de tudo isto”.

Uma expressão fundamental de Francisco é “uma Igreja em saída”. A saída tem que ver com a missão. E, para sair, é necessário que aqueles que recebem o encargo do serviço ao povo de Deus estejam preparados, munidos de mística e coragem para viver e comunicar a boa notícia. Nisso consiste, pois, o papel do caminho formativo.

Este número de Vida Pastoral quer lançar luzes sobre a questão da formação presbiteral, seus desafios e perspectivas. Os articulistas levam em conta o texto das Diretrizes para a formação dos presbíteros no Brasil. Pe. Eliseu Wisniewski considera a primeira e segunda partes desse documento, observando especialmente como os bispos trataram as questões morais que desafiam a formação dos candidatos ao presbiterado. Dom Joel Portella, por sua vez, discorre sobre a dimensão intelectual na formação numa perspectiva de integralidade da pessoa, entendendo assim que todo cabedal formativo deve estar a serviço da caridade pastoral. No aspecto também da integralidade, Pe. Douglas Fontes pondera a dimensão humana da formação sacerdotal com base na Ratio Fundamentalis, documento normativo da formação sacerdotal na Igreja, apresentando sua incidência na atualização das diretrizes nacionais da formação presbiteral. Finalmente, Pe. Zenildo da Silva lança um olhar específico à formação de presbíteros na Amazônia. Trata-se de uma formação historicamente situada, contextualizada e inculturada, capaz de dialogar com os desafios e as expressões da vida que pulsa na Amazônia.

Para iluminar nossa meditação da Palavra de Deus temos os roteiros homiléticos, com as valiosas reflexões bíblico-pastorais de Ir. Zuleica Silvano. Esperamos poder colaborar para o ardor na missão e a alegria de servir, na perspectiva do apóstolo São Paulo: “Tornar-se tudo para todos, a fim de salvar alguns a qualquer custo” (1Cor 9,22).

Boa leitura!

Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp

Editor