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Publicado em novembro – dezembro de 2017 - ano 58 - número 318

Os Intereclesiais de CEBs no Brasil

Por Nelito Dornelas 1 Magda G. de Melo 2

Introdução

As comunidades eclesiais de base (CEBs) são a Igreja da base, o chão, o alicerce, a célula inicial, o primeiro e fundamental núcleo eclesial (Medellín, 15, 10); a Igreja dos pobres (João XXIII e papa Francisco), a expressão do amor preferencial da Igreja pelo povo simples (Puebla, 643). A Igreja da base é, portanto, constituída por pequenas comunidades de pobres e de pessoas solidárias aos pobres que estão a serviço dos pobres. Nas palavras do teólogo Clodovis Boff, “à irrenunciável ‘opção preferencial pelos pobres’ em nível de sociedade corresponde a ‘opção preferencial pelas CEBs’ em nível de constituição da Igreja”. “A opção pelos pobres está implícita na fé cristológica, pois Jesus se fez pobre para nos enriquecer com sua pobreza” (Bento XVI, discurso inaugural da Conferência de Aparecida, 2007).

  1. Os Encontros Intereclesiais de CEBs

O 1º Encontro Intereclesial de CEBs

As comunidades eclesiais de base surgiram na década de 1960, expandiram-se e fortaleceram-se nos anos de 1980. No princípio, muitas das comunidades de base eram experiências isoladas no interior das paróquias ou dioceses que as tomavam como prioridade pastoral. Com sua multiplicação e diversificação, brotou a necessidade de uma maior articulação entre as comunidades.

A ideia do primeiro Intereclesial de CEBs nasceu de uma conversa informal entre o então bispo auxiliar de Vitória, ES, dom Luiz Gonzaga Fernandes, o historiador Eduardo Hoornaert e o dominicano frei Betto num banho de praia em janeiro de 1974. Um ano depois, entre os dias 6 e 8, na cidade de Vitória, aconteceu o primeiro Intereclesial de CEBs. Participaram do evento cerca de 70 pessoas, representando várias dioceses de 12 estados. Entre eles estavam 5 bispos, animadores e animadoras leigos e leigas e agentes de pastoral das comunidades de várias partes do país.

Tema: Uma Igreja que nasce do povo pelo Espírito de Deus. A hoje amplamente conhecida expressão Igreja que nasce do povo surgiu neste intereclesial, que trazia em seu bojo nova eclesiologia, nascida de nova consciência a partir de novo jeito de ser Igreja.

Teve como objetivo delinear o perfil e descobrir as características futuras da Igreja nova que nasce no meio do povo, principalmente por meio das comunidades eclesiais de base.

Foram dias de grande troca de experiências, reflexões e orações. Resultou, no campo eclesiológico, no seguinte questionamento: Como fazer nascer da Igreja clerical uma Igreja popular, numa nova afirmação da Igreja enquanto Povo de Deus? No aspecto político, reforçou-se a necessidade de uma presença mais significativa da Igreja na luta pela libertação do povo. Cultura e religião populares foram outros temas de acaloradas discussões.

A novidade da leitura popular da Bíblia, em sua dimensão evangelizadora, entrava em conflito com a tradição da religiosidade popular, várias vezes considerada como meio de alienação. Mas, no processo do encontro, surgiu o propósito de superar a exploração da religião popular, bem como a superação da indiferença ou destruição do que concerne a ela.

O 2º Encontro Intereclesial de CEBs

O 2º Encontro Intereclesial de CEBs aconteceu nos dias 29 de julho a 1º de agosto de 1976, também em Vitória, ES. Como no primeiro encontro, a preparação consistiu em solicitar às comunidades que elaborassem relatórios sobre os passos da caminhada, tendo em vista a pedagogia libertadora nas CEBs.

Participaram do encontro cerca de 100 pessoas, representando 24 dioceses de 17 estados. A metade dos presentes representava as comunidades e a outra metade era constituída por agentes de pastoral, bispos e assessores. Participaram 13 bispos brasileiros e 3 convidados estrangeiros, sendo 2 do México.

O tema foi: Igreja, povo que caminha. A partir daí, começa-se a delinear a identidade das CEBs; passa-se a utilizar a expressão caminhada. Identificadas as semelhanças entre si, as várias CEBs passam a tratar-se como companheiras de caminhada.

 

O 3º Encontro Intereclesial das CEBs

O 3º Encontro Intereclesial das CEBs aconteceu de 19 a 23 de julho de 1978 em João Pessoa, PB. Tema: Igreja: povo que se liberta. Comemoravam-se os dez anos de Medellín, que deu à Igreja latino-americana uma dinamicidade pastoral libertadora, e já se preparava para a Conferência de Puebla, em janeiro de 1979.

O encontro contou com a participação de aproximadamente 200 pessoas: 2/3 vinham das bases, representando 47 dioceses do Brasil; 17 bispos, 9 assessores e assessoras e 18 agentes de pastoral. Dentro do espírito ecumênico, estiveram presentes um assessor evangélico, Jether Pereira Ramalho, e três outros representantes dos evangélicos. Participaram ainda o cacique xavante Aniceto, além de outros convidados do México, Bélgica e Estados Unidos.

Neste encontro, a participação popular foi muito intensa. Depois de tantos anos silenciado, o povo fiel e oprimido expressava seu clamor. Como povo sujeito da construção da sociedade e da Igreja, impunha-se com a força de sua palavra, união e coragem.

 

O 4º Encontro Intereclesial de CEBs

O 4º Encontro Intereclesial de CEBs ocorreu em Itaici, SP, de 20 a 24 de abril de 1981, sob o patrocínio do cardeal dom Paulo Evaristo Arns, devido a uma conjuntura desfavorável para a Igreja dos pobres. Como no encontro anterior, as bases o organizaram e participaram nele, levando à frente sua coordenação e condução.

Participaram desse encontro em torno de 280 pessoas, de 71 dioceses e de 18 estados. Delas, 184 eram representantes das bases, 56 eram agentes de pastoral, 15 eram assessores e 17 bispos. O tema foi: Igreja, povo oprimido que se organiza para a libertação. Dentre seus objetivos, destacam-se: a troca de experiências, a celebração da fé e o aprofundamento crítico das lutas reivindicatórias, sindicais e político-partidárias.

 

O 5º Encontro Intereclesial de CEBs

O 5º Encontro Intereclesial de CEBs aconteceu em Canindé, CE, de 4 a 8 de junho de 1983. Teve uma dimensão nacional, já que contou com a participação de aproximadamente 500 pessoas, de 134 dioceses de quase todos os estados do Brasil, com 234 participantes membros da base, 60 agentes de pastoral; 30 bispos, 15 assessores, 16 observadores, 7 da imprensa e 114 das equipes de serviço.

O tema geral do Intereclesial foi: CEBs: povo unido, semente de uma nova sociedade. A troca de experiência e as reflexões levaram à conclusão de que, além das dificuldades externas que as CEBs enfrentavam, existiam também dificuldades internas, ligadas às precárias condições de vida da base popular. Na Carta de Canindé, os participantes manifestaram seu desejo de conhecer e combater as causas da degradação social.

As liturgias e celebrações ocuparam um lugar de grande importância no encontro. Todos os dias, de manhã e de tarde, aconteciam celebrações com grande participação e criatividade, elaboradas pelos próprios participantes.

 

O 6º Encontro Intereclesial de CEBs

O 6º Encontro Intereclesial de CEBs foi em Trindade, GO, de 21 a 25 de julho de 1986. Participaram 1.647 pessoas, das quais 742 eram representantes das bases, 203 agentes de pastoral, 30 assessores, 51 bispos, 16 representantes de Igrejas evangélicas, 10 representantes dos povos indígenas, 56 observadores latino-americanos, 35 observadores nacionais, 17 observadores de outros países, além da imprensa, documentação e equipes de serviço.

O tema foi: CEBs, Povo de Deus em busca da Terra Prometida, ligado ao tema da Campanha da Fraternidade de 1986 e também provocado pelo agravamento da situação agrária no Brasil. Para encaminhar a preparação do encontro, foi criada em 1985, em nível regional, uma Comissão Ampliada. É significativo assinalar a origem da Ampliada Nacional, constituída nos preparativos do Encontro de Trindade, como grupo de apoio e serviço de preparação à igreja que sediava o Intereclesial. Sua criação foi uma maneira de garantir não só a presença dos regionais como um trabalho coordenado nacionalmente, mas também preservação da memória dos encontros.

O novo jeito de ser Igreja que caracteriza as CEBs foi um dos temas de reflexão e aprofundamento que surgiram neste encontro. Clodovis Boff destacou três ideias fortes que definiram este novo modo de ser Igreja: a) a Palavra de Deus; b) a participação; c) a luta. A analogia da roda serviu para ele demonstrar melhor a experiência das comunidades como conjunto organizado: O eixo é a Palavra de Deus. Os raios são os ministérios, as tarefas. O aro são as lutas da comunidade, que fazem o povo caminhar na história.

Outro aspecto foi a reflexão sobre a especificidade da luta das mulheres, negros e indígenas. Foi um marco na caminhada das CEBs, pois se reconheciam então outros planos de opressão social: a racial, a étnica e a de gênero. Dois outros temas: a questão latino-americana e o ecumenismo.

O 7º Encontro Intereclesial de CEBs

O 7º Encontro Intereclesial de CEBs foi em Duque de Caxias, RJ, de 10 a 14 de julho de 1989, com o lema: CEBs: povo de Deus na América Latina a caminho da libertação. Debateu-se sobre a eclesialidade das CEBs, o seu rosto latino-americano e sua relação com a libertação. Destaques: a solidariedade latino-americana, fé e política, a mística libertadora, a caminhada ecumênica, a questão urbana e maior articulação das CEBs.

Participaram do encontro 1.106 delegados regionais, 85 bispos católicos, 39 assessores, 61 membros da Ampliada Nacional e Equipe Central, 120 delegados de 12 Igrejas evangélicas, incluindo 43 pastoras e pastores e 5 bispos protestantes, 30 representantes dos povos indígenas, 83 participantes de 19 países da América Latina e 92 convidados, nacionais e estrangeiros, totalizando 2.550 pessoas.

Apesar da delicada situação eclesial, o Intereclesial foi uma expressão viva do apoio da Igreja no Brasil à experiência eclesial das CEBs. A presença de 90 bispos católicos, de toda a presidência da CNBB, de tantos leigos, religiosos, sacerdotes e pastores de diversas denominações religiosas já sinalizava a aprovação e esperança no vigor das CEBs como presença de vida para toda a Igreja.

A questão ecumênica foi um dos destaques no encontro. Com relação aos povos indígenas, a aparição de um rosto novo de Deus através de cada povo indígena foi significativa. A dimensão celebrativa foi outro traço marcante.

O 8º Encontro Intereclesial de CEBs

O Oitavo Encontro Intereclesial de CEBs realizou-se em Santa Maria, RS, de 8 a 12 de setembro de 1992, quando toda a sociedade civil se unia contra a corrupção do governo de Fernando Collor de Mello, que acabou levando ao seu impeachment. A situação eclesiástica era bem desfavorável ao projeto da Igreja dos pobres.

Participaram 2.238 delegados brasileiros, representando suas comunidades, 88 de outros países da América Latina e Caribe. Entre os participantes, 1.469 eram leigos, 335 religiosos, 98 bispos, dos quais 66 católicos, 50 assessores, 106 evangélicos, dos quais 35 pastoras e pastores, 43 indígenas, 1 pajé, 1 sacerdotisa afro e 40 equipes de serviço.

Tema: CEBs: culturas oprimidas e a evangelização na América Latina, em sintonia com a 4ª Assembleia do CELAM em Santo Domingo, que se realizaria um mês após o Intereclesial. A temática da inculturação nas CEBs foi causa de constrangimento e conflito, pois tocava numa questão sensível para uma Igreja marcada por uma cultura branca, machista, ocidental e que, em seus centros de poder, se sentia desconfortável com a inculturação profunda da fé, da liturgia, das leis canônicas na cultura do negro, do ameríndio e no feminino.

Por outro lado, houve um amadurecimento litúrgico e espiritual das CEBs. Calaram-se os discursos para que a Palavra soasse.

O 9º Encontro Intereclesial de CEBs

O Nono Intereclesial de CEBs realizou-se em São Luís do Maranhão, de 15 a 19 de julho de 1997, com 3 mil participantes. Tema: CEBs: vida e esperança nas massas. Foi o primeiro encontro construído dentro de um respeitoso diálogo entre a equipe ampliada das CEBs e a CNBB.

O contexto social estava marcado pela hegemonia do neoliberalismo, que provocava o recuo de todo pensamento alternativo. O contexto eclesial era o do período após a Conferência de Santo Domingo, marcado pela consolidação do centralismo eclesiástico, protagonizado pela linha neoconservadora da Nova Evangelização.

Os pontos de destaque foram: catolicismo popular, raízes indígenas e africanas da religião popular brasileira, pentecostalismo, CEBs e o povo negro, o movimento popular, CEBs e massa, cultura indígena e cultura de massa.

O 10º Encontro Intereclesial de CEBs

O 10º Encontro Intereclesial de CEBs aconteceu em Ilhéus, BA, de 11 a 15 de julho de 2000. Debateu-se sobre: as celebrações das CEBs e a eucaristia; a diferença do ecumenismo no Encontro e nas bases; a tensão entre CEBs e Renovação Carismática; a relação entre CEBs e clero, destacadamente o clero mais novo que se compromete cada vez menos com as CEBs; a questão indígena.

Participaram 3.036 pessoas (1.565 homens e 1.471 mulheres); 2.395 delegados; 72 evangélicos presentes (4 bispos, 37 pastores e pastoras, 31 leigos e leigas). Participaram ainda 45 pessoas da Ampliada Nacional, 62 da América Latina, 64 assessores e assessoras, 63 bispos católicos, 7 das religiões afro-brasileiras e 65 indígenas.

O tema: CEBs: Povo de Deus, 2 mil anos de caminhada resumiu o olhar voltado para o passado, assinalando a herança evangélica vivida pela Igreja nos seus 2 mil anos de existência e pela caminhada das CEBs. Para o futuro se projetaram três perguntas: O que conservar integralmente? O que manter, mas com alterações? O que criar de novo?

Apareceu explicitamente a centralidade da Bíblia. A Bíblia é lida, celebrada e torna-se fonte de vida. Assim sendo, foram pedidos cursos bíblicos. O trabalho do CEBI foi amplamente reconhecido.

Três características: a) a referência à Palavra de Deus, considerada sempre como o núcleo fundador e elemento de identidade e da vida das CEBs; b) as celebrações, como ponto alto dos encontros; c) a comunhão eclesial, existente seja por causa da presença de padres e bispos, seja pela maneira com a qual as CEBs testemunhavam sua relação com a estrutura eclesiástica e seus pastores.

O 11º Intereclesial de CEBs

O 11º Intereclesial de CEBs foi realizado em Ipatinga, MG, de 19 a 23 de julho de 2005. Tema abordado: CEBs, espiritualidade libertadora. Lema: Seguir Jesus no compromisso com os excluídos.

Participaram 3.806 pessoas: 3.219 delegados, 112 assessores, 89 indígenas, 288 convidados, com aproximadamente 3.000 leigos e leigas, 420 religiosas e religiosos, 380 padres, 50 bispos católicos e 2 anglicanos, além de 70 pessoas vindas de outros países.

Participaram ainda 48 pessoas de outras onze Igrejas cristãs, das quais 23 eram pastoras e pastores, e foram acolhidos também representantes de 32 povos indígenas e de outras religiões e culturas afro-brasileiras. As Pastorais de Juventude de todo o Brasil promoveram um acampamento no Parque Ipanema com 250 jovens, que mantiveram comunhão com os participantes do encontro.

Os participantes aprofundaram o tema da exclusão, relacionando as CEBs com a espiritualidade libertadora; com a dignidade humana e a promoção da cidadania; com a formação de novos sujeitos, capazes de contribuir para a construção de outro mundo possível; com a via campesina, tendo presente a ecologia, a questão do uso da terra e da água no campo e nas cidades, a reforma agrária; e com a educação libertadora.

O 12º Intereclesial de CEBs

O 12º Intereclesial de CEBs ocorreu em Porto Velho, RO, de 21 a 25 de julho de 2009. Tema: CEBs, ecologia e missão. Lema: Do ventre da terra, o grito que vem da Amazônia.

Participaram 3.010 delegados, representantes dos 26 estados e do Distrito Federal, sendo 1.234 mulheres e 940 homens. Participaram 56 bispos, 331 padres, 197 religiosas, 41 religiosos e 38 povos indígenas.

Os participantes conheceram os gritos e lutas que vêm da Amazônia e também os gritos e lutas que vêm dos outros biomas brasileiros, da América Latina e Caribe. Partilharam sobre as lutas a favor da Terra sem males e de um novo céu e uma nova terra.

Destacaram-se cinco grandes gritos: o grito da terra, o grito das águas, o grito das cidades, o grito das florestas, o grito das comunidades tradicionais.

Gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares não importantes, conquistam coisas extraordinárias. Essa frase, proferida por dom Moacyr Grechi, arcebispo da Arquidiocese de Porto Velho, deu aos participantes a certeza de que somente a partir dos pequenos, com os pequenos, na base da Igreja e da sociedade, pode-se criar uma vida melhor, mais justa e mais fraterna.

O 13º Intereclesial de CEBs

O 13º Intereclesial de CEBs realizou-se em Juazeiro do Norte, na Diocese de Crato, Ceará, de 7 a 11 de janeiro de 2014. Tema: Justiça e profecia a serviço da vida. Lema: CEBs, romeiras do Reino no campo e na cidade.

Participaram 4.036 pessoas (2.248 mulheres e 1.788 homens), 72 bispos, 232 padres e 146 religiosos e religiosas, 75 lideranças indígenas; 20 membros de outras Igrejas cristãs, 35 pessoas pertencentes a outras religiões, 36 estrangeiros e 68 assessores e membros da coordenação ampliada.

Pela primeira vez na história, um Intereclesial das comunidades eclesiais de base recebe uma mensagem de um papa. A mensagem do papa Francisco dirigida aos participantes do 13º Intereclesial trouxe muita alegria e renovou a esperança de uma Igreja pobre e dos pobres comprometida com a justiça e a profecia a serviço da vida.

Na mensagem, o papa afirma que as CEBs “trazem um novo ardor evangelizador e uma capacidade de diálogo com o mundo que renovam a Igreja”.

Sobre o lema do evento, o papa disse que deve ser como uma chamada para que as CEBs assumam cada vez mais seu papel na missão evangelizadora da Igreja: “Todos devemos ser romeiros, no campo e na cidade, levando a alegria do evangelho a cada homem e a cada mulher”.

No ginásio poliesportivo, denominado Caldeirão Beato José Lourenço, ecoaram os testemunhos de uma Igreja martirial, encarnada e comprometida com a causa dos pobres – povos indígenas, quilombolas, pescadores artesanais e demais sofredores – e com a causa do ecumenismo na promoção da cultura da vida e da paz.

Toda esta riqueza de partilha foi aprofundada e vivenciada nos grupos, nas visitas missionárias às famílias e a algumas instituições, na celebração em memória dos profetas e mártires da caminhada, dos direitos humanos, da justiça, da terra e das águas, culminando com a grande romaria ao horto aos pés do Pe. Cícero Romão Batista, o patriarca de Juazeiro do Norte e da Nação Romeira.

O 14º Intereclesial de CEBs

O 14º Intereclesial de CEBs ocorre em Londrina, PR, nos dias 23 a 27 de janeiro de 2018. Tema: CEBs e os desafios no mundo urbano. Lema: “Eu ouvi os clamores do meu povo e desci para libertá-lo” (Ex 3,7). Para o evento foram elaborados o texto-base, o cancioneiro, o jornal A Caminho e o site www.cebsdobrasil.com.br. Trata-se de mais um pentecostes para a Igreja no Brasil e em nosso continente.

  1. Uma mensagem

No documento 92 da CNBB: Mensagem ao povo de Deus sobre as comunidades eclesiais de base, encontramos a seguinte afirmação sobre os Intereclesiais:

Os Encontros Intereclesiais das CEBs são patrimônio teológico e pastoral da Igreja no Brasil. Desde a realização do primeiro, em 1975 (Vitória, ES), reúnem-se diversas dioceses para troca de experiência e reflexão teológica e pastoral acerca da caminhada das CEBs. Foram doze encontros nacionais, diversos encontros de preparação em várias instâncias (paróquias, dioceses, regionais) e, desde a realização do 8º Intereclesial, ocorrido em Santa Maria, RS (1992), são realizados seminários de preparação e aprofundamento dos temas ligados ao encontro. Manifestação visível da eclesialidade das CEBs, os Encontros Intereclesiais congregam bispos, religiosos e religiosas, presbíteros, assessores e assessoras, animadores e animadoras de comunidades, bem como convidados de outras igrejas cristãs e tradições religiosas. Neles se expressa a comunhão entre os fiéis e seus pastores.

Bibliografia

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______; DORNELAS, Nelito (orgs.). CEBs: raízes e frutos ontem e hoje. Brasília: Scala, 2014.

FRANCISCO, Papa. Evangelii Gaudium – A Alegria do Evangelho: sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual. 5. ed. São Paulo: Paulus/Loyola, 2015.

GALILEA, Segundo. O caminho da espiritualidade: visão atual da renovação cristã. 2. ed. São Paulo: Edições Paulinas, 1985.

GRÜN, Anselm. Espiritualidade e entusiasmo: caminhos para um mundo melhor. São Paulo: Paulinas, 2008.

LIBANIO, João Batista. As lógicas da cidade: o impacto sobre a fé e sob o impacto da fé. São Paulo: Loyola, 2001.

MURAD, Afonso; BOMBONATTO, Vera (orgs.). Teologia para viver com sentido: homenagem aos 80 anos do teólogo João Batista Libanio. São Paulo: Paulinas, 2012.

SBARDELOTTI, Emerson. Mística e espiritualidade pejoteira. Brejo: Pastoral da Juventude, 2016.

TEIXEIRA, Faustino Luiz Couto. Os Encontros Intereclesiais de CEBs no Brasil. São Paulo: Paulinas, 1996.

TEXTO-BASE. 14º Intereclesial das CEBs – CEBs e os desafios do mundo urbano. Londrina: Secretariado Nacional para o 14º Intereclesial das CEBs, 2017.

TEXTO-BASE. 13º Intereclesial das CEBs – Justiça e profecia a serviço da Vida – CEBs, romeiras do Reino no campo e na cidade. Crato: Secretariado Nacional para o 13º Intereclesial das CEBs, 2013.

Nelito Dornelas 1 Magda G. de Melo 2

1 Pe. Nelito Nonato Dornelas é da Diocese de Governador Valadares, MG, com especialização em Psicanálise clínica, practictioner em PNL e Eneagrama, pós-graduado em Teologia pastoral e dos ministérios pelo McKornick de Chicago, EUA, e Teologia das religiões e Ecumenismo pelo Instituto Bossey, em Genebra, Suíça. Foi assessor da Comissão Oito da CNBB e atualmente é pároco da Paróquia São João XXIII, presidente da Cáritas diocesana e membro da Comissão do Meio Ambiente da Bacia do Rio Doce. E-mail: [email protected]

2 Magda Gonçalves de Melo reside em Uberlândia, MG. É coordenadora da Escola de Teologia da Diocese de Uberlândia, funcionária aposentada do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, graduada em Direito e Administração, com especialização em Teologia das religiões e Ecumenismo no Instituto Bossey, do CMI, em Genebra, Suíça, estudante de Psicanálise em Vitória, ES. E-mail: [email protected]